COLUNA AR: Os desafios de Totonho e Fred (Parte - II)


Na semana passada, na parte primeira desse artigo, falei sobre os desafios dos dois alcaides recém-eleitos de nossas cidades siamesas no que mais tocava à parceria necessária entre eles e ao balizamento que eles têm a obrigação de conduzir na grande onda de desenvolvimento e crescimento que está aportando por aqui. 

Agora falarei do mais espinhoso; serei incômodo aos meus dois amigos e aliados, pois falarei da necessidade da quebra da ordem vigente do atraso e do mal do clientelismo na estrutura pública municipal que atravanca o nosso desenvolvimento e não permite a prestação de serviços públicos de qualidade pela máquina pública. 

Fred Maia e Totonho Chicote têm a obrigação de romper as amarras do atraso e os grilhões que prendem suas cidades e suas gentes na miséria. Portanto, têm que romper com o clientelismo e o apadrinhamento político – pragas que nos levam à condição de cidades e estado miseráveis. E para isso têm que priorizar a nomeação e, quando necessário, a contratação, de servidores tecnicamente habilitados e preparados para a função que irão desenvolver. E parar com essa irresponsabilidade de só nomear e contratar apaniguados cabos eleitorais cuja única função é desenvolver mal e porcamente um serviço que não sabem fazer em troca de um favor pago por ter apoiado quem venceu a eleição. Já vi equipes tecnicamente preparadas que exerciam há anos um serviço de alta qualidade serem trocadas por pessoas que não sabiam nem que serviço era aquele que iriam fazer e estavam lá porque haviam apoiado o candidato vencedor – e o povo perdeu. Chega! Chega de substituir preparados por despreparados. Chega de prejudicar o povo por conta de retaliação eleitoral. E o melhor para corrigir essas distorções é a realização de concurso público para todos os níveis e áreas e todos os cargos que a administração pública carece. Portanto, priorizar e privilegiar o técnico, o preparo e o mérito em detrimento do apadrinhamento e do clientelismo no serviço público municipal é um dos maiores desafios dos dois futuros prefeitos. 

Outro grande desafio é fazer um governo participativo, próximo do povo, em que o povo se sinta participando e responsável pelas ações do governo. Será se Fred sabe o que pensam e querem aqueles talentosos jovens do Ministério da Praça? Será se Totonho imagina o que a juventude evangélica de Pedreiras deseja para nossa cidade? E o povo do povoado tal, será se prefere o poço artesiano ou aquela quadra de esportes que o prefeito quer construir? Audiências públicas, reuniões com lideranças comunitárias, associações, sindicatos, ONG`s em geral devem ser feitas para ouvir a população sobre a opinião de como o governo está indo, de como pode melhorar e do que precisa ser feito e de que obra é mais prioritária em cada bairro ou comunidade/povoado. Como também, o prefeito deve se embasar em pesquisas qualitativas e quantitativas sobre seu governo a cada trimestre para que lhe sirva de norteamento de suas ações e planos governamentais. Tem que acabar com esse negócio de um grupo de pessoas que se acham iluminadas se trancarem em gabinetes refrigerados e decidirem o que a Morada Nova e o Iguará precisam. O povo de lá tem que ser consultado. Precisa-se de prefeito com humildade e menos arrogância e prepotência, pois já exerci o poder e essa transformação é quase natural, mas é evitável com boa dose de vigilância pessoal, autocrítica e boa assessoria. Chega de prefeito viver em São Luís e escondido dentro de gabinetes; tem que sair mais, visitar obras, freqüentar locais de grande afluência popular para ouvir e se expor a opinião e abordagem popular, porque só assim terá de fato o “termômetro” de seu governo e de sua popularidade, pois os ditos “babões” cercam e blindam o prefeito de tal forma que ninguém consegue ter acesso a ele e desses ele só ouve coisas boas, de que ele é o máximo, de que é o maior, de que tudo que faz é maravilhoso etc e isso termina introspectando no prefeito e ele assim caminha para seu fim político e a cidade e seu povo para o desastre. 

Maquiavel foi muito claro quanto a isso quando ensinava o príncipe a governar; escreveu: “Príncipe, cuidado com os áulicos (termo erudito para puxa-saco)! Estes te aplaudem sempre, inclusive enquanto tu caminhas para o precipício; prontos que estão para após tua queda aplaudirem o teu sucessor.” Pronto! Está aí! Babão, bate-pau, puxa-saco não presta desde 1513 quando Maquiavel escreveu “O Príncipe”, livro em que ensina um governante a fazer um bom governo. E de lá para cá esse livro tem sido livro de cabeceira de todos os grandes governantes do mundo, desde Napoleão Bonaparte, do qual tenho uma edição comentada por ele trecho a trecho. E outra de Maquiavel para Totonho e Fred que vem ao encontro desse assunto: “Príncipe, domine pelo respeito, não pelo medo. Quem te tem medo te trai e quem te respeita te defende na tua ausência, inclusive no teu erro.” 

Uso essas de Maquiavel para entrar no terceiro e último desafio. Um erro crasso que vejo nos chefetes daqui de nosso região: o não respeitar a liberdade de expressão, escolha e o livre arbítrio das pessoas. Ora, se Deus que é Deus deu ao Homem o livre arbítrio, quem é o Homem para tirá-lo de outro? Emprego em prefeitura aqui é visto como favor. Emprego não é favor. Pelo emprego está se trabalhando e se recebendo uma remuneração, normalmente até abaixo do que vale o trabalho realizado. Mas se a pessoa ousar exigir melhores condições salariais, de trabalho, ou emitir mera crítica ao governo, é pecado grave e é punido com a demissão. Está na hora de acabar com isso. Isso se chama intolerância. E pela intolerância já se matou inocentes, torturou-se pessoas, queimaram pessoas em fogueiras no decorrer da história. Nossos tempos não comporta mais isso. A divergência de idéias e opiniões é expressão de inteligência e própria da condição humana, enriquece e aprimora o debate e lapida a idéia bruta. Que se acabe esse hábito de se tratar o discordante como inimigo ou adversário e respeitemos o direito do outro pensar e agir diferente. Fred e Totonho têm a obrigação de romper com a intolerância na gestão pública e instalar governos de paz!!! Que possamos dizer em seus governos: “Adeus retaliações e perseguições! Somos livres porque assim escolhemos.” 

Da mesma forma com a imprensa. A imprensa é livre e é expressão maior do avanço democrático em nosso país. Imprensa tem é que ser conquistada e se erra tem uma legislação específica que rege seu funcionamento. Há indícios de que houve retaliação a setores da imprensa durante a campanha de Totonho e Fred deu uma entrevista recente em que atacou um repórter de uma TV adversária sua. Erros. Faltou assessoria aos dois. Imprensa é para ser tratada de forma VIP, pois do mesmo jeito que levanta, derruba. E se ela mente, perde a credibilidade. 

Pois está aí outros desafios de Totonho e Fred: romper com os grilhões do atraso do clientelismo, do apadrinhamento, da perseguição e da retaliação por divergência de idéias e fazer governos com participação popular ativa (governo participativo), entre outros. E eu acredito nos dois!!! Avante, senhores!!!

Allan Roberto Costa Silva, médico, ex-Presidente da Câmara Municipal de Pedreiras,  membro da Academia Pedreirense de Letras e da Associação de Poetas e Escritores de Pedreiras – APOESP.

6 comentários:

  1. Concordo com seu post caro Alan,entretanto,observo o mesmo erro em que o Sr. se refere prestes a ser repetido,basta verificar a formatação do novo Governo,observa-se que os cargos estão sendo entregues a seus padrinhos e apoiadores de campanha,estou enganado?

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  2. Suas colocações são perfeitas, no entretanto sabemos (eu, voce e demais) que não será ainda desta vez que isso ocorrerá. Lamentavel a visão tacanha dos nossos dirigentes mesmo após as predições aqui postadas.
    Vamos ficar de "oitiva" pra ver o barco a barlavento pra onde vai.

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  3. KKKKKKKKKKKKKKK, esse sonho está difícil de ser alcançado na Trizidela.
    O prefeito eleito vai na contramão disso tudo. O máximo que ela vai fazer é mandar quem for contra suas decisões "meter o rabinho entre as pernas" e aceitá-las, caso contrário estará fora do governo! KKKKKKKKKKKKKKKKK
    Eita que eu estou é ansioso para ver a bagaceira começar. Quero só ver ele rebatendo as críticas sobre sua gestão. Da-lhe Fred Maia.

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  4. Por favor, alguém me cite o nome de algum jovem talento do Ministério da Praça de Trizidela do Vale?

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  5. Já começamos a ver as mesmas coisas acontecer,cargos para quem trabalhou na Campanha e nao para quem realmente está preparado!

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  6. Pedi ao blog para abrir um espaço para discutir as politicas publicas a serem implementadas em Pedreiras e Trizidela e sua materia veio corroborar minha solicitação. Embora o Blog PedraVerde nao tenha atentado para a importancia do tema, ouso acrescentar às suas observações que: "o mais salutar deste momento é que cada Administrador abrisse um Forum de Debates afim de qualificar suas demandas". Outrossim, assisto (já está em andamento) a repetição dos erros cometidos pelas administrações passadas a começar entre outros, a contratação de lobistas e de equipes oriundas de administrações de outros municipios sob a égide de tudo conhecerem. Esse filme déjá vu.
    Falar em qualificação de mão de obra e no primeiro momento de tua Administração deixar de prestigiar os "locais" sob o pretexto de pertencerem ou fazerem parte da Administração anterior é inconsequente.
    Depois retorno
    PedraLivre

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Pedras Verdes, Pedreiras, MA, Brasil.