COLUNA AR: Os desafios de Totonho e Fred (Parte - I)


Como já opinei aqui antes, Pedreiras há tempos insiste na transformação em busca de dias melhores; e nessa eleição apostou novamente nessa premissa elegendo um parlamento renovado na idade e em sua composição e num prefeito que capitalizou esse sentimento de renovação e capacidade de implementar a transformação tão almejada. 

Da política de Trizidela do Vale, há tempos não costumo opinar muito, mas observo bem e pelo histórico de lá também é palpável essa sede de transformação que se reverta em melhoria na qualidade de vida de nossos irmãos umbilicais. E creio que quando o povo escolheu a dupla de jovens Fred e Vinícius, apesar da disputa acirrada do pleito, foi acreditando nesse “novo” transformador que esses “meninos” poderão implantar na tão sofrida trizidelândia. 

Analisando por esse prisma, os desafios de Totonho e Fred são enormes e sobre seus ombros pesam toda a esperança de um povo sofrido, espoliado, oprimido e num momento histórico crucial em que o desenvolvimento e a riqueza batem a galope às portas de nossa região; e para que isso se reverta em favor do nosso tão necessitado povo é preciso que eles tenham muito capacidade administrativa, visão de futuro, equipes técnicas multidisciplinares capazes, assessorias hábeis e governos mais técnicos do que políticos. 

Primeiramente analisemos a situação da descoberta de minério em nossa região envolvendo as cidades de Peritoró, Capinzal do Norte, Santo Antonio dos Lopes, Lima Campos, Dom Pedro e Pedreiras. Isso é uma riqueza de bilhões de dólares para nós que se estenderá por dezenas de anos. Para que imaginemos o tamanho dessa riqueza dou o seguinte exemplo: sabemos que a Bolívia é um país que tem no gás natural um dos principais pilares de sua economia. E pasmem! Só em Capinzal do Norte foram encontradas jazidas de gás superiores a cinco-05 Bolívias!!!! Vejam quanta riqueza! 

O grupo que tem a concessão governamental para explorar essa riqueza – OMX/OGX -- pertence ao bilionário brasileiro Eike Batista, um dos 10 homens mais ricos do mundo. E essa empresa GEO-RADAR que vemos vasculhando tudo nessa região é apenas uma terceirizada do grupo maior OMX/OGX somente com a função de estudar essa redondeza e sua riqueza mineral. Se estão ainda só na fase de estudos e já nos geram empregos e renda indireta com aluguéis de imóveis, veículos, hospedagem, alimentação etc, imaginem lá na frente quando as grandes empresas mesmo vierem para a fase de implantação da estrutura de exploração do minério e quando estiverem realmente explorando o minério?!... Quanta riqueza direta e indireta não teremos circulando por aqui?!... 

Os estudos demonstram que essa região por conta dessa indústria do minério terá nos próximos 10 anos sua população inflada em 270.000 habitantes. E que surgirão direta e indiretamente 28.000 vagas de empregos aqui, mas que não temos nem 5.000 pessoas preparadas para as vagas de nível técnico e superior que surgirão. Que pena! Estamos correndo o sério risco de termos o boi e os caras de fora virem e comerem o filé e nós ficarmos apenas com a ossada, isto é, só sobrarem para a nossa população as vagas de peões e os empregos de melhores salários poderão terminar ficando para o pessoal de fora... 

E onde entram Totonho e Fred nessa história? Em tudo!! Primeiro, se a população crescerá tão enormemente em tão pouco tempo eles têm que pensar urgente num plano diretor para um crescimento ordenado da cidade, com urbanismo, pois do contrário poderá haver uma favelização das duas cidades. Segundo, se vão haver todas essas empresas direta e indiretamente ligadas à exploração do minério, que eles façam o máximo para com incentivos fiscais, doações de terrenos etc atraí-las para sediá-las em nossas cidades para que suas riquezas geradas fiquem aqui na forma de empregos para nossa gente e impostos. E terceiro, principalmente, começar a preparar a nossa população, especialmente a juventude, com cursos técnicos na área de petróleo e gás, segurança do trabalho, eletrotécnica, eletrônica, eletricidade, mecânica e todas as demais áreas que serão aproveitadas por essas indústrias e pelas demais empresas do ramo indireto que darão suporte às principais, como hotelaria, restaurantes, lavanderias, construção civil e outras. É riqueza sem tamanho. É emprego que não acaba mais e todos num patamar salarial bem maior do que conhecemos hoje. E os motores desse desenvolvimento para que o nosso povo e a nossa juventude aproveitem bem toda essa riqueza são as prefeituras de nossas cidades, que terão o papel fundamental de balizarem esse desenvolvimento em prol de nossa gente; senão os de fora levarão a melhor... 

E para tanto é necessário que Pedreiras e Trizidela do Vale façam uma grande parceria nesse sentido, trabalhem em conjunto. É impensável governar hoje sem regime de consórcios e cooperativas em algumas áreas de gestão. Só como exemplo, no caso específico dessas duas cidades, não se pode pensar em resolver definitiva e profundamente o problema do trânsito de uma sem uma ação que não seja conjunta para ambas; da mesma forma a questão do meio ambiente, do lixo, do urbanismo. Tais questões Pedreiras e Trizidela jamais resolverão isoladamente. Paulo Barros e Raimundo Louro deram péssimos exemplos de relacionamento pessoal e institucional. Jânio Balé e Lenoílson, por descompromisso, só se relacionavam institucionalmente... e mal. Mas Fred Maia e Totonho Chicote terão que por força do compromisso assumido com suas cidades e suas gentes, da gana que têm de realizar excelentes governos, instituir parcerias com vistas a dar ao nosso povo dias melhores de felicidade e desenvolvimento. 

E são esses os desafios: visão de futuro e das necessidades do nosso povo para que as ações adequadas sejam tomadas e a população beneficiada ao máximo de tudo que a máquina pública puder proporcionar à coletividade. E num estado pobre como o nosso, a riqueza mineral que agora se expõe e enche os olhos da iniciativa privada, é o que precisava para completar o que faltava à oportunidade para dias melhores ao nosso povo. Somente fazer o dever de casa, servir o feijão com arroz e o pão e circo não servem mais. O bom gestor é aquele que vê longe, que tem visão de futuro e não deixa o cavalo passar encilhado sem montar. 

Pois, senhores Totonho e Fred, o cavalo está vindo e está a galope, preparem-se e não percam a oportunidade de preparar suas cidades para a era do desenvolvimento que se avizinha e que precisa muito da pavimentação que vocês agora nessa fase têm a obrigação de fazer. Este é o desafio maior: a pavimentação para o desenvolvimento que está chegando – e com parceria. Avante, senhores! 

Allan Roberto Costa Silva, médico, ex-Presidente da Câmara Municipal de Pedreiras, membro da Academia Pedreirense de Letras e da Associação de Poetas e Escritores de Pedreiras – APOESP.

19 comentários:

  1. Muito sabias as suas palavras! É uma pena que o perfil político e administrativos dos dois prefeitos não é condizente com o tão esperado progresso.

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    1. deixa de ser besta nem tudo que é torto fifa torto pra sempre...

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  2. Sabias as palavras Dr. Allan só lamento em ver um maranhão tão rico em terra férteis, em gás, aguas etc... mais pobre por uma administração publica ESTADUAL E MUNICIPAL são governos apenas assistencialistas, imediatista que tem medo do povo ter conhecimento e deixar de bater em sua porta enquanto o que precisamos é apenas o mínimo do poder publico é a disseminação do conhecimento e este poder esta nos Governos Federal, sobre tudo Estadual e Municipal a disponibilização dos recursos é tamanha o que falta é conhecimento e boa vontade coisa que poucos gestores públicos tem. A gestão publica deve melhorar quando abri para Administração “PPP” Parceria Publica Privada.

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  3. Sou trizidelense e conheço a fundo a realidade do meu município, principalmente a ideologia politica do seu povo e de nossos políticos.
    A análise acima é muito inteligente, mas a poucos dia da eleição já é possível afirmar que em Trizidela esse tão esperado progresso não chegará pelas mãos dos escolhidos pela "vontade do povo" para governar nossa cidade. A equipe política cotada para compor o governo do "herói" Fred Maia não é tão técnica, e será provavelmente formada por muitos que já estão por lá, uma continuação da gestão (Tinãia)Balé, com poucas modificações, descartando os que possivelmente possam representar perigo, e admissão de poucos aliados - assim como a viajem de descanso a Mossoró. A Secretaria de Educação provavelmente continuará nas mãos da mesma panelinha, comanda pela Pedagoga Márcia Maia, se não responsável, pelo menos conivente com o descaso com a qualidade da educação, já que marcante em sua gestão só mesmo a queda do IDEB municipal. A adjunta, uma verdadeira junta dura no braço direito da secretária, assim como em todos os anos que esteve na educação, pouco contribuirá. Dá até para concluir, com poucas proposições que a criação de cursos profissionalizantes ou mesmo de capacitação, apenas uma bonita ideia, tem poucas possibilidade de acontecer. A saúde será um dos maiores desafios, pois está no fundo do poço, e com um acirrada disputa pelos melhores cargos entre os cabos eleitorais. Se no período politico estava sendo servido bolo e suco na recepção do hospital e dos postos de saúde enquanto os pacientes esperavam pelas consultas do doutores Gustavo Brandão e Deibson Balé, 17 dias após as eleições já não é servido mais lanche e já faltam os médicos. E sem a ajuda de um bom vice, pois a experiência de Vinicius já demonstra que não nasceu para politica, o "herói" Fred terá uma difícil missão em sua vida nos próximos 4 anos: carregar nos ombros a árdua missão do progresso (mesmo que melhorando apenas os serviços básicos) e engolir a audácia maliciosa do Deputado Raimundo Louro.

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    1. Fazendo uma análises de conjuntura referente ao artigo acima mencionado, chegamos ao uma conclusão que é muito importante a descoberta dessa grande riqueza em nossa região, infelizmente vivemos em um estado pobre e desorganizado com representantes corruptos e também despreparado para administrar a coisa publica, não temos mão de obra qualificada... e nem interesse por parte dos gestores regionais, que já deveriam terem feito parcerias com SEBRAE e outras instituiçoes publicas para oferecer qualificação para nossos jovens e adultos, o que se ver é demagogias por parte de nossos polítcos, descompromissados com o povo.

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  4. O artigo é razoável.
    Não me atendo às análise políticas, ms apenas às técnicas do articulista. Ele, o artigo, não pode ser digno de citações. A não ser que seja, reparado:
    O grupo X perdeu 16 Bi em 10 dias por não cumprimento de acordos de produção para acionistas;
    A tal 05 Bolívias, que o Dr se refere, foi logo ogo desmentida;
    Riqueza direta e riqueza indireta? O quê que é isso?
    Sem me ater a demais detalhes, Dr, crescimento é uma coisa e desenvolvimento, outra, mais complexa sócio-economica-ambientalmente!
    A mudança territorial do grande capital, não traz consigo paradigmas de sustentabilidade,
    Obrigado Doutor

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    1. Com certeza, Cássio, o Dr. se ateve a um texto mais simples e menos técnico em linguagem acessível ao entendimento do nosso público. Mas ele entende todas as nuances de suas observações por não ser nenhum ignorante. Mas valem suas observações.

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  5. A QUESTÃO AQUI É "ORDEM E PROGRESSO"

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  6. Gostei de ver q nesse artigo do dotô nãpo ficou aquela turminha de despeitados invejosos dele tentando diminuir os méritos dele e o que ele escreve, talvez pela riqueza do texto ou pelo choque da notícia da prisão de seu prefeito lenoilsosn. tem que ser assim, discutir e debater o conteúdo do que o AR escreve e não ficardenegrindo o cara por mera inveja, porque o homem é bom.

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  7. COARI - Pobre município rico
    Em Coari (AM) população vê o dinheiro da extração de gás evaporar
    LEONARDO SAKAMOTO
    No coração do estado do Amazonas, banhado pelo rio Solimões, Coari era igual a qualquer outro município perdido no meio da floresta, com uma pequena população. A realidade local começou a mudar quando foram descobertos petróleo, de excelente qualidade, e uma imensa jazida de gás natural cerca de 3 mil metros abaixo do solo. A partir daí, a Petrobras implantou em suas terras a Província Petrolífera do Rio Urucu, tornando possível a prospecção, o transporte e o escoamento do material até o Solimões e, de lá, para a Refinaria de Manaus (Reman).
    Do primeiro poço, construído em 1986, até hoje, Coari multiplicou seu orçamento. No ano passado, foram R$ 19,14 milhões em royalties transferidos pela Petrobras à administração municipal, além de R$ 1,25 milhão na forma de participação especial – paga quando há grande volume de produção ou rentabilidade. Dos municípios com exploração continental, é o que mais recebe royalties, e no ranking geral perde apenas para os da região da bacia de Campos, no estado do Rio de Janeiro.
    Contudo, essa fartura de recursos não alterou a qualidade de vida de seus moradores. "A cidade passou a receber muito dinheiro, mas também muita gente. A população que vivia ao redor, espalhada, migrou para o centro", analisa Aziz Nacib Ab’Sáber, titular do Departamento de Geografia e professor emérito do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP). Da mesma forma que o orçamento, a população também foi se multiplicando, e hoje são mais de 67 mil habitantes na busca pelo seu quinhão do Eldorado negro. Como não havia estrutura para isso, cresceu a prostituição, e doenças, como a malária, proliferaram. A cerca de 2 quilômetros do porto da Petrobras, no rio Solimões, a iluminação do terminal e a movimentação das embarcações afastaram os peixes, que eram fonte de renda e alimentação para a população ribeirinha.

    ...... continua

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  8. Ao mesmo tempo, a compensação financeira pela exploração do subsolo não foi sentida pela população mais carente. "Os royalties se destinavam a investimentos em áreas sociais do município. Mas o que se viu foi um aumento da marginalidade e da criminalidade. O hospital não tem equipamentos. Para nós, a saúde continua em estado de calamidade pública", afirma Manoel Alzimar Cerdeira, coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Coari. "O antigo e o atual prefeito não prestam contas. A gente não sabe o que está sendo feito com esse dinheiro."
    Na região rural também há problemas. "Nosso bairro hoje não tem nada. Nem o centro médico nem o centro social funcionam. Usamos a igreja como colégio", afirma Francisco Rebouças de Sousa, presidente da associação de moradores da Vila Lira, próxima ao terminal de embarque de petróleo e gás natural. O local sobrevive do cultivo de mandioca e da produção de farinha.
    Para Walsioni Alberto, secretário de comunicação de Coari, a cidade recebeu muitos recursos nas últimas gestões, mas eles praticamente não foram aplicados. "Desde 1º de janeiro de 2001 (início da atual administração), esse dinheiro passou a ser investido como deveria."
    O secretário informou que os royalties são utilizados na manutenção de uma série de projetos sociais, entre eles um centro de convivência do idoso e a distribuição de enxovais para mães carentes, além da pavimentação de ruas, educação, eletrificação de bairros e saneamento básico.

    .... continua

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  9. O Ministério Público solicitou à prefeitura relatórios de execução orçamentária com a discriminação do investimento desses recursos. "A Petrobras informou que fez o repasse de R$ 19 milhões em 2001. É um dado que se choca com a realidade do município", explica o promotor Rogério Marques. O procedimento não é uma investigação e sim um pedido de prestação de contas à comunidade – a qual poderia ser divulgada em quadros afixados na fachada de prédios públicos, em espaço comprado na televisão e em sites da Internet. Se uma prefeitura não aceita fornecer essas informações, apela-se ao Tribunal de Contas do estado. Não atendida a ordem judicial, o prefeito pode ser acionado por improbidade administrativa, com penalidades que vão do pagamento de multa e suspensão dos direitos políticos até o afastamento do cargo.
    No momento, enquanto o prefeito Manoel Adail Amaral Pinheiro (PL) é convidado a fornecer informações, a gestão anterior passa por um processo de investigação.

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  10. Fiscalização
    As empresas que fazem a exploração de petróleo, gás natural ou xisto betuminoso repassam o valor dos royalties à Secretaria do Tesouro Nacional. O cálculo exato depende de fatores como riscos geológicos e expectativas de produção, mas gira entre 5% e 10% do total da produção de um campo durante um mês. Cabe à Agência Nacional do Petróleo apurar o valor devido aos beneficiários e garantir o pagamento. O montante – dividido entre estados e municípios produtores (ou que abriguem estrutura de transporte) e, eventualmente, a marinha e o governo federal – é então depositado em contas do Banco do Brasil.
    A lei nº 9.478, de 1997, que trata da aplicação dos recursos gerados pela compensação financeira do petróleo, proíbe sua utilização na amortização de dívidas ou na folha de pagamentos. Compete ao Tribunal de Contas da União (TCU) fiscalizar essa aplicação por meio de inspeções e auditorias, com o apoio dos Tribunais de Contas Estaduais e Municipais. Não é necessário que os administradores enviem relatórios periodicamente à instituição, que é acionada quando há suspeita de irregularidades.
    O senador Jefferson Peres (PDT-AM) solicitou ao TCU no ano passado, através de requerimento do Senado Federal, uma auditoria em Coari. "Tudo indicava que os royalties estavam sendo malversados", afirma ele. O pedido do senador foi anexado a um processo já em andamento. Uma auditoria já havia estado na cidade no ano de 2000 e, ao analisar a utilização dos royalties entre janeiro de 1999 e julho daquele ano, verificou uma série de irregularidades. Uso da verba em salários, pagamentos fantasmas e transferência de recursos para outras contas da prefeitura, sem informações quanto à aplicação. Foram detectadas operações que beneficiavam, inclusive, o então prefeito, Roberval Rodrigues da Silva (PFL).

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  11. O TCU – diante dos fatos expostos pelo ministro Benjamin Zymler, relator do processo – pediu uma tomada de contas especial (associada à existência de débito, prejuízo ou aplicação indevida). No total, o destino de cerca de R$ 8,4 milhões não pôde ser comprovado durante o período apurado. Roberval Rodrigues, citado como responsável, foi chamado a apresentar sua defesa, com a respectiva documentação. Se for julgado culpado, terá de devolver esse valor aos cofres públicos, acrescido de juros de mora e correção monetária.
    De acordo com Helena Valente, secretária de controle externo do Tribunal de Contas do estado do Amazonas, o processo está na fase de análise das defesas. Como os responsáveis têm o direito de usar todos os recursos jurídicos possíveis, não há previsão de quando será o julgamento.
    Segundo informações da Justiça e da administração de Coari, o ex-prefeito Roberval Rodrigues, devido a problemas de saúde causados por um derrame, estaria morando em Manaus para tratamento. Além do problema com os royalties, ele também foi convocado para dar explicações sobre convênios firmados durante sua gestão.

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  12. Impacto social
    Tefé, outra cidade às margens do Solimões, perto de Coari, tem aproximadamente o mesmo número de habitantes – 62,6 mil contra 67 mil, de acordo com o IBGE. Perde no número de escolas de ensino fundamental (69 a 165), o que é compensado pela média de anos de estudo da população (2,92 a 2,48) e pelo índice de analfabetismo: 19,3% a 29,9%. Empata na quantidade de hospitais (1) e ganha na de leitos hospitalares (101 a 54).
    Há miséria em ambas as cidades, e o quadro social é parecido. Mas Tefé não recebe dinheiro do petróleo, ao passo que Coari teve à disposição cerca de R$ 41,05 milhões nos últimos três anos.
    Comparando a realidade de dez anos atrás com a de hoje, não houve evolução ou crescimento em Vila Lira. O posto de saúde, que deveria ser de responsabilidade do governo, foi reformado por uma empresária de São Paulo, que também doou medicamentos. Mas não há médico para atender a população. Ao todo, 38 famílias ainda dependem da água do Solimões, uma vez que a de poço não serve para consumo.
    "Coari é, de longe, o município mais rico do Amazonas." O senador Peres acredita que se o dinheiro fosse aplicado em projetos sociais sérios haveria pobreza, mas não miséria ou indigência. E considera que para eliminar desvios de recursos oriundos de royalties dentro das prefeituras é necessário que o TCU dê mais agilidade ao processo de fiscalização. Ele sugere também que o governo federal faça o acompanhamento mais rigoroso desses fundos, incluindo a criação de um conselho comunitário. Independente e com poderes totais, esse órgão seria formado por membros da sociedade civil para vistoriar a aplicação do dinheiro – acionando o Ministério Público a qualquer indício de irregularidade.

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  13. É claro que nada disso adianta sem a condenação dos responsáveis, fazendo valer leis já existentes e garantindo o ressarcimento dos recursos desviados dos cofres públicos. O que beneficiaria não só o Amazonas, mas também os mais de 760 municípios que recebem royalties do petróleo.
    "Em todo lugar em que uma empresa grande aparece, tem-se a impressão de que tudo vai ficar mais fácil", afirma o professor Ab’Sáber – co-autor do livro Previsão de Impactos, no qual analisa o desenvolvimento sustentável e as mudanças sociais e ambientais geradas pelos projetos. "Em Coari, a questão era, desde o começo, ter planos de harmonização entre o urbano, o sítio, o rio e o lago." Uma vez que isso foi ignorado pelos governantes, resta estudar o problema e buscar soluções para recuperar a harmonia, ou, como diz Ab’Sáber, "desenvolver projetos para minimizar o crescimento rápido e socialmente anômalo, ajudando os que buscam uma vida melhor".
    Gente, como a de Vila Lira, que se encheu de expectativas quando ouviu notícias sobre a descoberta de petróleo e do dinheiro que ele trazia. Mas que está ainda na espera, ou sem perspectivas.

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  14. Gás no Maranhão vai gerar desenvolvimento social?
    13/08/2010 - 0:53 - Sem categoria 189 Comentários »
    “É meia Bolívia. É metade do que o país entrega para o Brasil pelo gasoduto Brasil-Bolívia”, afirmou o empresário Eike Batista, nesta quinta, ao estimar as reservas de gás descobertas no Maranhão por empresas sob seu controle. Uma produção estimada em 15 milhões de metros cúbicos por dia (um quarto de tudo o que é produzido hoje no país).
    Um colega do Maranhão comemorou o fato, dizendo que isso poderia financiar o desenvolvimento através de recursos pagos na forma de royalties para o Estado e municípios. Eu tenho minhas dúvidas, para não dizer certezas. O Maranhão não é pobre. Parte de suas elites política e econômica é que fez com que as riquezas estejam na mão de poucos – a ponto de ostentar o segundo pior Índice de Desenvolvimento Humano entre as unidades da federação brasileira. O que garante que, agora, os recursos irão para a população?
    Um exemplo de dinheiro pago e mal utilizado? Vou dar um do qual já tratei aqui. No coração do Amazonas, banhado pelo rio Solimões, Coari era igual a qualquer outro município no meio da maior floresta tropical do planeta, com uma pequena população. A realidade local começou a mudar quando foram descobertos petróleo, de excelente qualidade, e uma imensa jazida de gás natural cerca de três mil metros abaixo do solo. A partir daí, a Petrobras implantou em suas terras a Província Petrolífera do Rio Urucu, tornando possível a prospecção, o transporte e o escoamento do material até o Solimões e, de lá, para a Refinaria de Manaus.

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  15. Dezenas de milhões foram pagos em royalties à cidade. Contudo, a compensação financeira pela exploração do subsolo não foi sentida pela população mais vulnerável. “Não houve mudança significativa com a vinda da Petrobras. Nas comunidades por onde passa o gasoduto, as pessoas não sabem para quem vão os benefícios”, afirmou Joércio Golçalves Pereira, bispo da Prelazia de Coari.Há reclamações sobre a falta de saneamento básico, de água potável e o acúmulo de lixo nas vias. Diante do quadro de precarização da saúde, cresce o número de casos de doenças sexualmente transmissíveis, como a Aids, além da violência. A prostituição infantil é mais uma das faces de um desafio à espera de solução em Coari.
    Em maio de 2008, uma grande ação da Polícia Federal investigou uma quadrilha acusada de participação num suposto esquema de desvio de verbas públicas na prefeitura local. Segundo a Polícia Federal, a organização criminosa se apropriava de recursos repassados pelo governo federal e pela Petrobras referentes à exploração de petróleo e gás no município.
    Os lucros advindos da implantação de grandes empreendimentos de exploracap mineral permanecem na mão de poucos, enquanto o prejuízo social e ambiental decorrente da extração é dividido por todos. E isso se reproduz em outros lugares, do Recôncavo Baiano, ao Sertão nordestino e às cidades que se beneficiam da exploração marítima, ricos em royalties do petróleo e derivados, mas com baixo índice de desenvolvimento humano. Para o Maranhão, não basta ficar na torcida para que a riqueza do gás seja sentida por todos. A população deve cobrar transparência desde já – enquanto o produto ainda está lá embaixo, no subsolo.

    COMENTO: A preocupação e esclarecimento do Dr. Alan é louvavel e previdente, todavia a exemplo do que acontece em Coari e de acordo com o resultado das eleições (o capital (dinheiro vivo) decidiu o resultado) pode-se repetir os mesmos erros citados na reportagem transcrita acima. A falta de compromisso com a cidadania deveria nortear as administrações, coisa pouco provável.

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    1. correção:
      A falta de compromisso com o cidadão deve nortear as administrações, coisa muito provável.

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Pedras Verdes, Pedreiras, MA, Brasil.