DESPERCEBIDAMENTE LETAL

Cano a base de amianto, após décadas em uso no abastecimento de água (Foto: Rubens Andrade)

Pedreiras conta hoje com uma considerável rede de abastecimento, onde a tubulação ainda é a base amianto e, mesmo com a substituição que houve e vem acontecendo ocasionalmente a cada estouro de cano, nossa cidade está longe de alcançar a substituição ideal da rede de abastecimento por uma tubulação nova e segura para a saúde. 

Pedreiras, sensivelmente, aumentou a quantidade de casos de câncer, doenças renais, do aparelho digestivo e consequentemente do sistema circulatório. Em uma boa olhada no site do INCA  (Instituto Nacional do Câncer), podemos observar o diversos tipos de cânceres, fatores que geram a doença, prevenção, tratamento e etc. Além do fatores genéticos é importante destacar que os alimentos  (sal, gordura, carne, etc) produtos químicos, microrganismos (principalmente vírus, bactérias), tabagismo e alcoolismo, ou seja, fatores internos e externos podem acelerar a evolução da doença.

No caso do amianto é importante levantarmos uma discussão e gerar um alerta, já que há um grande risco em potencial para nossa saúde, visto que, todos os dias, podemos estar sendo contaminados com pequenas doses de um produto nocivo para o corpo, e o pior, sem que haja qualquer informação acerca do fato.

O amianto foi intensivamente utilizado na indústria pela sua abundância e baixo custo de exploração. Considerado, por muito tempo, matéria-prima essencial por suas propriedades físico-químicas, tais como: grande resistência mecânica e às altas temperaturas, ao ataque ácido, alcalino e de bactérias.

O amianto, por anos chamado de “mineral mágico”, foi utilizado principalmente na indústria da construção civil (pisos vinílicos, telhas, caixas d’água, divisórias, forros falsos, tubulações, vasos de decoração e para plantio e outros artefatos de cimento-amianto) e para isolamento acústico ou térmico.

A exposição ocupacional ao minério é a principal forma de exposição e contaminação; ocorre, principalmente, através da inalação das fibras de amianto, que podem causar lesões nos pulmões e em outros órgãos, sendo que a via digestiva também deve ser considerada como fonte de contaminação.

A exposição ao amianto está relacionada à ocorrência de diversas patologias, malignas e não malignas. Ele é classificado pela Agência Internacional de Pesquisa (IARC) no grupo 1 – os dos reconhecidamente cancerígenos para os seres humanos. Não foram identificados níveis seguros para a exposição às suas fibras. O intenso uso, no Brasil, ocorreu especialmente a partir da segunda metade do século XX.

Entre as principais doenças relacionadas ao amianto, temos:

Asbestose, câncer de pulmão, câncer de laringe, do trato digestivo e de ovário. Além das doenças descritas, o amianto pode causar espessamento na pleura e diafragma, derrames pleurais, placas pleurais e severos distúrbios respiratórios.

O uso do amianto foi proibido em 52 países. Embora vários países em desenvolvimento ainda permitam o uso e adotem limites de tolerância para o amianto, o Critério de Saúde Ambiental 203 do Programa de Segurança Química da Organização Mundial da Saúde de 1998 concluiu que “nenhum limite de tolerância foi identificado para os agentes carcinogênicos”; “que onde materiais substitutos para crisotila estiverem disponíveis, eles devem ser considerados para uso” e “que a exposição ao amianto crisotila aumenta os riscos de asbestose, câncer de pulmão e mesotelioma em função da dose”.


Exemplo da cidade de Iguatu-CE, que trocou a tubulação antiga, a base de amianto

Depois de 40 anos, finalmente a antiga tubulação de amianto da rede original de distribuição de água desta cidade começa a ser trocada. A substituição é feita por tubos de PVC, canos plásticos. A Prefeitura vai investir, em parceria com o Governo Federal, R$ 2,2 milhões para implantação da nova rede de 17 quilômetros de extensão. Mais de 60 mil moradores serão beneficiados com as obras.

O serviço começou pelo bairro Alto do Jucá, um dos mais antigos da cidade e que foi um dos primeiros a ser beneficiados quando, em fins da década de 1960, foi implantado o sistema de abastecimento de água com rede de distribuição doméstica. Na época, usava-se o cano de amianto, que hoje é um material condenado, que traz sérios problemas para a saúde da população, por ser cancerígeno.

O prefeito de Iguatu, Agenor Neto, disse que a obra representa a melhoria de qualidade de vida dos moradores e foi resultado de um esforço nos últimos três anos (o prefeito foi reeleito em outubro de 2008) de sua administração. “Esta cidade não podia mais conviver com um antigo problema que trazia preocupação aos moradores. Com apoio do Governo Federal, estamos realizando uma importante obra”.

A Secretaria de Infraestrutura do município informou que a obra deverá ser concluída em fevereiro próximo. Os operários da empresa trabalham em ritmo intenso para evitar prorrogação dos serviços no período chuvoso. Durante a quadra invernosa, há mais dificuldades porque o lençol freático nesta cidade é elevado e provoca queda de barreiras, criando obstáculos para substituição dos canos.

Segundo o gerente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Iguatu (Saae), Edval Lavor, a rede de amianto é antiga e tem causado rompimentos com muita frequência em vários pontos da cidade, comprometendo a regularidade do fornecimento e da qualidade da água, e causando problemas de saúde.

Os recursos são oriundos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) por meio do Ministério das Cidades. A Prefeitura participa com uma contra-partida de 10%. Todos os bairros que ainda mantêm a antiga rede de distribuição de água serão beneficiados com a obra, inclusive o centro da cidade.

Lavor solicita compreensão dos moradores em face de alguns transtornos que serão causados, particularmente na área comercial. “A ideia é concluir a obra com rapidez e no centro comercial haverá concentração de um maior número de operários para dar rapidez ao serviço”, disse.

Instituto Nacional de Câncer – INCA

1 comentários:

  1. É mais pelo que vemos na foto, o "grude" depositado nos canos sequer deixa a água tocar o amianto, então é capaz de morrermos de ingerir sujeira e não por causa do amianto.

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Pedras Verdes, Pedreiras, MA, Brasil.