Rodovia MA - Pedreiras - Marianópolis /foto: col. Pedras Verdes
Rezemos por aqueles que faleceram: defuntos, finados, espíritos de luz, antes queridos, amigos, parentes, heróis desconhecidos, anônimos, cristãos.
Uma vez em viagem pelo interior do Maranhão, acompanhado de amigos em uma dessas “caravanas da saúde” promovidas pela politicagem em tempos de eleição, passávamos por uma estrada parcialmente empiçarrada onde existiam poucas habitações. Já havíamos trafegado por ali algumas vezes, muitas cruzes ao longo do caminho simbolizavam tragédias ocorridas em diversos pontos e tempos diferentes. Uma dessas cruzes fincada debaixo de um faveiro (árvore de folhas pequenas e grandes vagens) me chamou atenção, pelo zelo, paz, harmonia; mas, além disso, a presença de lindas flores, vasos, jarros e algumas velas em volta daquele pequeno campo santo me fizeram fixar o olhar e refletir por um instante sobre o mistério da morte. Do meu lado estava um enfermeiro muito religioso, sua devoção e cresça em um plano espiritual era tão grande que em alguns momentos não sabia se o jovem era católico, espírita, bruxo ou umbandista; no entanto sei que não era evangélico. Após minha pausa reflexiva, voltei-me para dentro do carro e rapidamente virei para o colega de branco e fui logo perguntado: Qual o significado de acender velas, por uma cruz no lugar de falecimento e fazer orações? E ele prontamente disse que aquilo faria bem para o corpo e espírito dos envolvidos, pois ambos precisam ser amparados em meio à luz e calor do fogo, pela clareza e bondade das palavras e a pureza de um gesto acolhedor e solidário, os quais se sobrepõem à obscuridade e inquietude do momento de partida.
Acreditar e respeitar o significado deste dia nos torna seres melhores neste mundo tão misterioso. As escrituras que inspiraram esta data, por muitos são consideradas apócrifas; porém o dia de finados não necessitam de autoridade canônica ou de especialista sacro para co-validar a lembrança e respeito aos mortos.
Cemitério de Pedreiras/CORTESIA: BLOG DA IGREJA DE SÃO BENEDITO
Por que Rezamos pelos Mortos:
ResponderExcluirA morte será sempre um mistério insondável para o homem. Um mistério bem mais difícil de entender para aquelas pessoas que vivem mergulhadas apenas na matéria, como se Deus não existisse.
Toda pessoa sensata sabe que nosso destino eterno é conseqüência da vida que nós levamos na terra aqui e agora. O tempo de salvação, portanto, é hoje (1Cor 6,2). A morte eternizará o estado de vida e livre escolha que nós estivermos levando até então.
Nós católicos cremos na ressurreição de Jesus: penhor da nossa razão da nossa fé. Uma realidade já anunciada e desejada ardentemente desde os povos do Antigo Testamento (Vide 2 Macabeus 12,38-46). Assim é que a Igreja, desde os primórdios de sua história reza por seus mortos e faz a encomendação do corpo, colocando o falecido sob a proteção de Deus. Isto porque, mesmo sabendo que os caminhos divinos são retos e definidos, acreditamos na imensa misericórdia do Pai e nos sentimos na obrigação de entregar nas mãos dele aqueles por quem fomos direta ou indiretamente responsáveis.
Todos sabemos que Deus detesta o pecado, mas ama o pecador, e que ninguém conhece o que se passa naquele derradeiro momento entre a criatura e o criador. Sabemos ainda que os caminhos e os pensamentos do Pai não são como os nossos (Isaías 55,8) e que o juiz de todos é um só (Romanos 14,9). Só esses fatos já justificariam a necessidade de, mesmo tendo dúvidas, orarmos pelos nossos mortos.
Os critérios humanos são quase sempre controvertidos e movidos por paixões. O próprio Jesus só veio a ser aceito pelos pagãos, enquanto que o povo escolhido o rejeitou e o condenou à morte. Ninguém tem o direito de julgar ou menosprezar ninguém. Nem mesmo os suicidas ou pecadores impenitentes. A propósito, quem poderia afirmar de sã consciência: qual seria o povo eleito se Jesus voltasse agora? Quem seriam os salvos? Na verdade, muitos que se julgam primeiros serão últimos e muitos julgados últimos - excluídos pelos critérios humanos - serão primeiros.
No seu livro, "O Cuidado Devido aos Mortos" Santo Agostinho diz que, os destinos da alma e do próprio corpo não dependem de ritos fúnebres. Este seriam mais um consolo para os vivos do que propriamente uma ajuda para os mortos. Pode até ser, mas na dúvida, é melhor continuarmos rezando pelos nossos mortos e agradecendo ao Pai pela sua passagem física entre nós e pelos legados que nos deixaram.
Para Deus, todos estão vivos (Lucas 20,38). As pessoas só morrem, verdadeiramente, quando as relegamos as esquecimento. Tudo isso é uma questão de fé. E se você não crê, vã é a sua oração e a sua esperança.
Por: KlevOliv.
Fonte:Exsurge Domini Apologética Católica.