COLUNA AR-15: Viva o Brasil!!!



Fotografia: cidadedourados.com.br

No final da tarde da última sexta–feira, 15 de novembro, eu estava com meu filho numa sorveteria da capital maranhense quando a TV do ambiente anunciou um plantão do Jornal Nacional da Rede Globo e o jornalista Heraldo Pereira noticiou que o Ministro-Presidente do Supremo Tribunal Federal-STF, Joaquim Barbosa, decretara naquele momento a prisão da maioria dos membros da quadrilha denominada “Mensalão”, que sangrou os cofres públicos do país em milhões de reais para garantir sustentação parlamentar ao governo Lula. A maior parte dos presentes na sorveteria calou-se e fitou a TV. Ao final da noticia, as pessoas no local estavam radiantes e elogiavam o fato inusitado.

A base aliada do Presidente Lula consumiu criminosamente elevado erário público para poder dar-lhe apoio e garantir-lhe governabilidade. Era um esquema ilegal, descoberto em 2005, que envolvia instituições financeiras e altos magnatas da iniciativa privada e autoridades exponenciais da República, numa distribuição mensal de dinheiro a parlamentares que a imprensa apelidou de “propinoduto”. O escândalo fez cair o principal ministro do governo Lula, José Dirceu, e cassou-lhe o mandato de deputado federal. Dirceu era o todo poderoso do poder público federal na época e candidato do coração de Lula e do PT para a sucessão do presidente-operário e teria seu nome viabilizado no decorrer do mandato de Lula. Apeado do poder, cassado e execrado, o prepotente ministro, de carreira política bela desde líder estudantil e exilado da ditadura, teve que desistir do sonho presidencial. Daí veio a oportunidade para Dilma ser hoje a primeira mulher a exercer o cargo número 01 do país. Lula protagonizou o ineditismo de primeiro líder popular, trabalhador e operário lá, e deu continuidade, contra a sua vontade inicial, ao ineditismo feminino de Roussef na Presidência da República.

Se isso fosse na Europa ou nos Estados Unidos, seria mais uma banalidade do estado de direito, da democracia e do mundo civilizado e desenvolvido. Mas aqui no Brasil, pelo senso de impunidade reinantenos poderosos, se trata de algo extremamente excepcional. É a primeira vez que vão para a cadeia pessoas do primeiro escalão do poder político e financeiro do país. Todos membros da elite. São fundadores e cardeais do partido que está há 11 anos na Presidência da República; ex-deputados, ex-ministros, bispos, grandes executivos, tecnocratas poderosos, quadros políticos expoentes da nação, que tiveram à mão o destino do Brasil todo bem recentemente. E ainda hoje são íntimos de seus sucessores no poder e influenciam absolutamente suas decisões.E a corte que os julgou é em grande parte composta de juízes nomeados pelos governos petistas de Lula e Dilma. Os novos presidiários se entregaram antes de serem caçados como presas para a exibição humilhante de algemas em seus pulsos por policiais ávidos por mídia sensacionalista. Serão hóspedes do Complexo Penitenciário da Papuda em Brasília por um bom tempo. Antes presos políticos da ditadura militar que oprimia o país. Hoje presos comuns condenados pelos crimes que combatiam antes de chegarem ao poder. 

Esse pessoal, pela dimensão de sua importância, jamais imaginava ser condenado ou preso. E para a comunidade internacional, o Brasil dá um exemplo sem precedentes de capacidade de superar seus problemas, combater a corrupção, alcançar seus objetivos e superar seus desafios. Ganham a sociedade, a civilidade e a justiça. Perdem a impunidade e o atraso. Mesmo que muitos não acreditem que eles fiquem muito tempo na cadeia ou que mereciam mais, já é progresso extraordinário isso tudo. E foi a instância máxima judicial que os condenou. Não cabem mais recursos. 

Ressalto esse fato para que percebamos como tem evoluído nosso país. Como têm mudado as coisas no nosso Brasil – e para melhor! Apesar dos desastres escandalosos de corrupção em seu governo, Lula ter sido eleito presidente é o fato simbolicamente mais significativo no avanço do desenvolvimento de nossa democracia e cidadania. Desde a transição democrática que Figueiredo, Tancredo e Sarney protagonizaram tão bem, passando pela Constituição de 1988, pelo impeachment de Collor, pelo governo verdadeiramente republicano de FHC e seu estadismo brilhante no exercício da Presidência, pelas insolvências dos bancos Econômico e Nacional, pela prisão do dono do Banco Santos Edemar Cid Ferreira, pelas condenações de delegados e juízes, pelo recente afastamento do Presidente do Tribunal de Justiça da Bahia por determinação do Conselho Nacional de Justiça-CNJ até chegar a essa recente decisão do STF, e tantos outros fatos grandiloquentes que expressam inequivocamente o real avanço no desenvolvimento das relações sociais nesse país e do fortalecimento de nossas instituições; tudo isso evidencia a realidade da iminente implantação do pleno estado de direito e do alcance de justiça social na sociedade brasileira. Não é pouco nem atrasado tanto avanço. Na história da humanidade, toda transformação social repentina que se tem conhecimento se deu com derramamento de muito sangue. Temos como exemplos relevantes disso a Revolução Russa de 1917 e a Revolução Francesa de 1789, entre outros vários exemplos históricos. Sem sangue, todo processo de transformação social, obrigatoriamente, é paulatino.

E mais: José Genoíno e José Dirceu com suas brilhantes trajetórias de luta contra as forças do atraso na resistência à ditadura, um como guerrilheiro do Araguaia e outro como presidente da União Nacional dos Estudantes-UNE, respectivamente, e depois como fundadores do PT e excelentes deputados federais constituintes e de oposição, ajudaram grandemente nessa conquista. E o paradoxo maior: ajudaram a conquistar esses avanços e pessoalmente foram vítimas dele. São as vicissitudes da vida.

Fotografia: Pop
 
O maior ator desse fato inédito e louvável de nossa história atual é o magnífico Ministro Joaquim Barbosa. Tinha que ser ele – outro protagonista do ineditismo: o primeiro negro, de origem humilde e não oriundo da magistratura no STF é o responsável pela maior e melhor decisão da história recente da mais alta corte judicial do país. E a notícia foi dada por outro representante do avanço – o jornalista Heraldo Pereira, um dos apresentadores do Jornal Nacional, o mais importante noticiário brasileiro, é também negro e de origem humilde. É muito avanço em tão pouco tempo! Valeu e vale a pena lutar! E viva a democracia! E viva o povo brasileiro!

FONTE: ooculosdegrau.com

Allan Roberto Costa Silva, 
Médico, ex-Vereador-Presidente da Câmara Municipal de Pedreiras, membro da Academia Pedreirense de Letras e da Associação de Poetas e Escritores de Pedreiras-APOESP. 
E-mails: allanrcs@bol.com.br arcs.rob@hotmail.com

5 comentários:

  1. O que é isso? O AR já tá escrevendo com prioridade pra outro blog? Sei não, mas será se ele vai deixar o Pedras? deve ser porque esse blog tá muito calado e omisso com os absurdos do governo totonho. E o AR não gosta de conivência com o crime. Mas o AR gosta tanto de "pedras", e será se vai querer deixar o Pedras? rrsrsrsrs. Sei não, mas eu vou ler ele onde ele for. Mas acho que esse artigo primeiro publicado no outro blog é o preparo para já ir saindo desse. Mas o AR e o mr. heel são doido e cabeça de doido ninguem entende mermo né não? Mas sou fã deles, dizem que são doido porque são muito inteligentye e a gente que não entende eles é porque somo burro.kkkkkkk

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  2. Que texto e que análise inteligente. Esse cara, Allan, é muito bom mesmo.

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  3. Dr. Allan quando eh que os mensaleiros da apoesp vão pra cadeia? faça uma matéria sobre isso doutor pq o dono blog tá protegendo o cumpade dele.

    Xilindró

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  4. Chamar joaquim barbosa de magnifico é muita babação, pra quem tem uma boa consciência e lê com imparcialidade, conhece a realidade dos fatos. O ministro foi forçado pelo PSDB, GLOBO, VEJA, FOLHA e O ESTADÃO a julgar os mensalei ros, e não pelo povo. Tal decisão não muda o quadro politico da reeleição da presidente DILMA, pois as pesquisas mostram vitória logo no 1º turno. Pouca gente sabe que o ministro conseguiu trocar o juiz que iria julgar o caso, e imaginem como se deu essa troca. Deu-se por um juiz filho de um dirigente do PSDB do DF, não há dúvidas o JOAQUINZÃO pisou na bola, mostrou que estava a serviço da grande midia que insiste em querer decidir os rumos do nosso país, bem como do PSDB que também insiste em volta a presidencia. Devemos lembrar que pior do que o mensalão, foi a privatização de FHC, alguns sabem onde foi parar o dinheiro. E agora o caso da alston (metrô de SP), o mensalinho mineiro, será se Joaquim tem coragem de julgar. Portanto, o ministro mostrou que tem uma preferência politica-partidária, e esta preferência é justamente o PSDB. Concluindo, o Joaquinzão tem filho trabalhando na REDE GLOBO. O autor do texto precisa lê mais, para saber da realidade dos fatos e os interesses que existem por trás destes.

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  5. Caríssimo Dr. Allan,

    Em "Viva o Brasil!!!", de sua autoria, o nível de discernimento do amigo Allan me deixa simplesmente grato por conhecê-lo. No 4º parágrafo bela coincidência com o meu último texto "Superação", que o Sr. Allan comentou. Que bom que não combinamos a mesma linha de reflexão! No conjunto ou em partes o texto brilha.

    Aldo Gomes

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Pedras Verdes, Pedreiras, MA, Brasil.