A quem você escolheria para tesoureiro de um grupo em que você faça parte e tenha um caixa; ou para gerente financeiro de sua empresa ou secretário de finanças de sua prefeitura? O seu “homem de confiança”, não é verdade? E para chefiar sua maior obra ou empresa? O seu mais forte, capaz, inteligente e valente homem de fé, não é? Pois Cristo escolheu para tesoureiro do seu grupo de apóstolos alguém assim, Judas Iscariotes (Jo 12,6), que o traiu e o vendeu por 12 moedas. E para chefe de sua Igreja, escolheu a Pedro (Mt 16,18 e Jo 24, 15-19) , o apóstolo que mais vacilou com ele; que na hora do maior sufoco o negou 03 vezes (Mt 26, 69-75) e antes nas andanças com o Mestre deu demonstrações de pouca fé e destemperos emocionais (Jo 18, 10-11 e Mt 14, 28-33). Grande esse Jesus! Magnífico! Judas foi essencial para se cumprir o projeto da salvação. Sem ele não haveria traição, crucificação, morte, ressureição, salvação dos homens. E a escolha de Pedro demonstra a benevolência de Deus para com a falibilidade humana e a Sua abertura às imperfeições humanas, demonstrando que todo homem é maior que seus momentos infelizes (que todos nós temos) e seus erros e que pode se tornar maior e crescer por sua conversão e perseverança na fé e na palavra de Deus.
Primeiro Chefe da Igreja de Cristo, Pedro, pescador, analfabeto, judeu, monoglota; foi sucedido por Paulo, general romano, poliglota, rico, que antes de sua conversão tinha o prazer de matar cristãos a mando de Roma, e foi o autor da morte do primeiro mártir do cristianismo, Estêvão (At 7, 57-60). Após sua conversão na famosa passagem da estrada de Damasco (At 9, 1-18), em encontro com o próprio Cristo, tornou-se o maior apóstolo do cristianismo.
Pedro conviveu com Cristo diariamente durante todo o seu ministério até sua ressureição e ascensão. Já Paulo, não. Mas pelos dotes aristocráticos de Paulo, este viajou mais, pregou mais, alcançou mais lugares e pessoas que o pobre pescador e analfabeto Pedro, a ponto de alguns estudiosos dizerem hoje que não vivemos o cristianismo, mas sim o “paulinismo”, isto é, a mensagem cristã conforme Paulo entendeu, a sua maneira, depois de ter ouvido dos outros, já que como os demais apóstolos não a ouviu diretamente do Cristo.
Com a conversão do Imperador Constantino em 312 d.C, Roma deixa de perseguir os cristãos e o cristianismo passa a ser a religião oficial do estado romano. Agiganta-se o poder da Igreja; aqui já Igreja Católica Apostólica Romana. Os Papas passam a ter status de reis. E em 1944, Pio XII, espertamente, nos acertos finais ao final da 2ª guerra mundial, o Vaticano, com menos de 0.44 km quadrados de extensão territorial (menor que o bairro do Mutirão) e 932 habitantes é tornado Estado reconhecido pela ONU e o Papa além de Chefe religioso passa a ser também Chefe de Estado.
Os últimos Papas foram brilhantes. Elegeram João XXIII (Angelo Roncalli) para um pontificado de transição, curto, com ele já bem idoso, e ele surpreende o mundo convocando o Concílio Vaticano II para modernizar a Igreja e introduzir mais Cristo, mais povo, mais louvor e menos pompa na liturgia católica. Deixa já encaminhado o sucessor Paulo VI (Giovanni Montini), homem de brilhantismo ímpar que dá continuidade ao Concílio e o inova e avança mais ainda, fazendo a Igreja mais moderna e mais próxima do povo, das demais religiões e de seus fiéis. Vem João Paulo I (Albino Luciani), e por querer revolucionar a Igreja em suas relações com corrupção e a máfia italiana, com uma onda de excomunhões, inclusive de expoentes cardeais, e discordar de tanta riqueza acumulada e tanta fome no mundo e querer usar os bens e dinheiro da Igreja para acabar com a fome na África e América latina, viveu apenas 33 dias em seu pontificado, vítima de uma morte misteriosíssima que até hoje ninguém sabe explicar direito...
Vem o carismático, excelente pastor e político de habilidade excepcional João Paulo II (Karol Wojtyla), mais preocupado em combater os males da política da “guerra fria” que ameaçava o mundo com as armas nucleares; sigilosamente, juntamente com Ronald Reagan e Mikhail Gorbachev derrubam o “Muro de Berlim” e transformam a realidade política, econômica e religiosa mundial. Faz uma pastoral ecumênica e tinha como principais amigos e conselheiros o rabino da principal sinagoga de Roma e pastores pentecostais. Visita todo o mundo, populariza a imagem papal, divulga a fé e a religião católicas, quebra tabus e barreiras, pede perdão ao mundo pelos erros e pecados da Igreja ao longo da história e exerce uma atração fenomenal pelos jovens. Age com mão de ferro contra a Teologia da Libertação, dizendo tratar-se de infiltração comunista no seio católico (trauma da sua antiga Polônia comunista que muito o prendeu e perseguiu...) e para tanto usou o seu homem forte para a doutrina, Joseph Ratzinger, cardeal alemão, que com o consentimento de Sua Santidade, censurou obras, impôs votos de silêncio, clausura, excomunhões e outras punições mais a clérigos que não se enquadravam na linha conservadora imposta. Um verdadeiro verdugo odiado por muitos, conservador ao extremo. Mas reconhecidamente o maior teólogo católico mundial.
Morre João Paulo II que deixa sua sucessão encaminhada para seu homem de fé, Joseph Ratzinger. Mas Bento XVI nunca teve muita afeição ao cargo. Carisma muito menos. Nunca foi afeito às questões pastorais, sempre foi um intelectual, um homem da academia, das universidades. Um Papa indiferente e até pouco querido pelo clero. Mas surpreende o mundo e resgata seu pontificado quando reúne o Colégio Cardinalício há 15 dias e em audiência pública anuncia: “Depois de ter examinado repetidamente minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças devido a idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não somente com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim, que preciso reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado.”
Bravo, Santidade!!! Que demonstração de grandeza pela humildade!!! Ratzinger com seu gesto de magnitude ímpar redimiu-se de tudo que se julgava negativo sobre ele há décadas. É preciso ser muito desapegado ao material, ser muito humilde para abdicar de ser Rei. E ele assim o fez. Por amor a sua fé, a sua Igreja e ao seu ministério.
Há inúmeras especulações das razões que o forçaram a isso: escândalos de corrupção no Banco do Vaticano, ligações da Igreja com a máfia, agenciamento de seminaristas numa rede de prostituição em Roma, pedofilia e homossexualidade dentro da cúria romana etc, que lhe exigiriam muita energia para as providências drásticas a serem tomadas. Fez certo Bento XVI abrir espaço para outro com mais vigor físico tomar tais providências e salvar essa instituição secular a qual ele dedicou toda a sua vida e a ama e tem como sua casa e família. Não haveria maior gesto de responsabilidade e amor que ele poderia dar.
Já o novo Papa escolhido, o primeiro na história da Igreja oriundo da América latina, só pelo nome que adotou, Francisco, já diz tudo. São Francisco é o pai da simplicidade, humildade, pobreza, obediência e fé. Tudo que viveu foi em dedicação aos pobres e miseráveis, oprimidos e sofredores. Jorge Mario Bergoglio era Cardeal-Arcebispo de Buenos Aires e é tão simples que é de preparar sua própria comida; não é de pompas e salamaleques; é bom pastor e preocupado com as causas sociais. A Igreja Católica, o mundo e especialmente a América Latina estão de parabéns pela inspiração do Espírito Santo na escolha do novo Santo Padre.
Tive sólida formação católica. Hoje professo fé evangélica pentecostal, mas não podia deixar de reconhecer e exaltar a grandeza do ato de Bento XVI, com quem nunca simpatizei, nesse momento crítico da Igreja. Bom descanso, Santidade. Assim, Sua Santidade ficou mais perto de ir para o céu.
Allan Roberto Costa Silva, médico, membro da Academia Pedreirense de Letras – APL, da Associação de Poetas e Escritores de Pedreiras – APOESP, ex-Vereador-Presidente da Câmara Municipal de Pedreiras. E-mails: arcs.rob@hotmail.com.
Primeiro Chefe da Igreja de Cristo, Pedro, pescador, analfabeto, judeu, monoglota; foi sucedido por Paulo, general romano, poliglota, rico, que antes de sua conversão tinha o prazer de matar cristãos a mando de Roma, e foi o autor da morte do primeiro mártir do cristianismo, Estêvão (At 7, 57-60). Após sua conversão na famosa passagem da estrada de Damasco (At 9, 1-18), em encontro com o próprio Cristo, tornou-se o maior apóstolo do cristianismo.
Pedro conviveu com Cristo diariamente durante todo o seu ministério até sua ressureição e ascensão. Já Paulo, não. Mas pelos dotes aristocráticos de Paulo, este viajou mais, pregou mais, alcançou mais lugares e pessoas que o pobre pescador e analfabeto Pedro, a ponto de alguns estudiosos dizerem hoje que não vivemos o cristianismo, mas sim o “paulinismo”, isto é, a mensagem cristã conforme Paulo entendeu, a sua maneira, depois de ter ouvido dos outros, já que como os demais apóstolos não a ouviu diretamente do Cristo.
Com a conversão do Imperador Constantino em 312 d.C, Roma deixa de perseguir os cristãos e o cristianismo passa a ser a religião oficial do estado romano. Agiganta-se o poder da Igreja; aqui já Igreja Católica Apostólica Romana. Os Papas passam a ter status de reis. E em 1944, Pio XII, espertamente, nos acertos finais ao final da 2ª guerra mundial, o Vaticano, com menos de 0.44 km quadrados de extensão territorial (menor que o bairro do Mutirão) e 932 habitantes é tornado Estado reconhecido pela ONU e o Papa além de Chefe religioso passa a ser também Chefe de Estado.
Os últimos Papas foram brilhantes. Elegeram João XXIII (Angelo Roncalli) para um pontificado de transição, curto, com ele já bem idoso, e ele surpreende o mundo convocando o Concílio Vaticano II para modernizar a Igreja e introduzir mais Cristo, mais povo, mais louvor e menos pompa na liturgia católica. Deixa já encaminhado o sucessor Paulo VI (Giovanni Montini), homem de brilhantismo ímpar que dá continuidade ao Concílio e o inova e avança mais ainda, fazendo a Igreja mais moderna e mais próxima do povo, das demais religiões e de seus fiéis. Vem João Paulo I (Albino Luciani), e por querer revolucionar a Igreja em suas relações com corrupção e a máfia italiana, com uma onda de excomunhões, inclusive de expoentes cardeais, e discordar de tanta riqueza acumulada e tanta fome no mundo e querer usar os bens e dinheiro da Igreja para acabar com a fome na África e América latina, viveu apenas 33 dias em seu pontificado, vítima de uma morte misteriosíssima que até hoje ninguém sabe explicar direito...
Vem o carismático, excelente pastor e político de habilidade excepcional João Paulo II (Karol Wojtyla), mais preocupado em combater os males da política da “guerra fria” que ameaçava o mundo com as armas nucleares; sigilosamente, juntamente com Ronald Reagan e Mikhail Gorbachev derrubam o “Muro de Berlim” e transformam a realidade política, econômica e religiosa mundial. Faz uma pastoral ecumênica e tinha como principais amigos e conselheiros o rabino da principal sinagoga de Roma e pastores pentecostais. Visita todo o mundo, populariza a imagem papal, divulga a fé e a religião católicas, quebra tabus e barreiras, pede perdão ao mundo pelos erros e pecados da Igreja ao longo da história e exerce uma atração fenomenal pelos jovens. Age com mão de ferro contra a Teologia da Libertação, dizendo tratar-se de infiltração comunista no seio católico (trauma da sua antiga Polônia comunista que muito o prendeu e perseguiu...) e para tanto usou o seu homem forte para a doutrina, Joseph Ratzinger, cardeal alemão, que com o consentimento de Sua Santidade, censurou obras, impôs votos de silêncio, clausura, excomunhões e outras punições mais a clérigos que não se enquadravam na linha conservadora imposta. Um verdadeiro verdugo odiado por muitos, conservador ao extremo. Mas reconhecidamente o maior teólogo católico mundial.
Morre João Paulo II que deixa sua sucessão encaminhada para seu homem de fé, Joseph Ratzinger. Mas Bento XVI nunca teve muita afeição ao cargo. Carisma muito menos. Nunca foi afeito às questões pastorais, sempre foi um intelectual, um homem da academia, das universidades. Um Papa indiferente e até pouco querido pelo clero. Mas surpreende o mundo e resgata seu pontificado quando reúne o Colégio Cardinalício há 15 dias e em audiência pública anuncia: “Depois de ter examinado repetidamente minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças devido a idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não somente com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim, que preciso reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado.”
Bravo, Santidade!!! Que demonstração de grandeza pela humildade!!! Ratzinger com seu gesto de magnitude ímpar redimiu-se de tudo que se julgava negativo sobre ele há décadas. É preciso ser muito desapegado ao material, ser muito humilde para abdicar de ser Rei. E ele assim o fez. Por amor a sua fé, a sua Igreja e ao seu ministério.
Há inúmeras especulações das razões que o forçaram a isso: escândalos de corrupção no Banco do Vaticano, ligações da Igreja com a máfia, agenciamento de seminaristas numa rede de prostituição em Roma, pedofilia e homossexualidade dentro da cúria romana etc, que lhe exigiriam muita energia para as providências drásticas a serem tomadas. Fez certo Bento XVI abrir espaço para outro com mais vigor físico tomar tais providências e salvar essa instituição secular a qual ele dedicou toda a sua vida e a ama e tem como sua casa e família. Não haveria maior gesto de responsabilidade e amor que ele poderia dar.
Já o novo Papa escolhido, o primeiro na história da Igreja oriundo da América latina, só pelo nome que adotou, Francisco, já diz tudo. São Francisco é o pai da simplicidade, humildade, pobreza, obediência e fé. Tudo que viveu foi em dedicação aos pobres e miseráveis, oprimidos e sofredores. Jorge Mario Bergoglio era Cardeal-Arcebispo de Buenos Aires e é tão simples que é de preparar sua própria comida; não é de pompas e salamaleques; é bom pastor e preocupado com as causas sociais. A Igreja Católica, o mundo e especialmente a América Latina estão de parabéns pela inspiração do Espírito Santo na escolha do novo Santo Padre.
Tive sólida formação católica. Hoje professo fé evangélica pentecostal, mas não podia deixar de reconhecer e exaltar a grandeza do ato de Bento XVI, com quem nunca simpatizei, nesse momento crítico da Igreja. Bom descanso, Santidade. Assim, Sua Santidade ficou mais perto de ir para o céu.
Allan Roberto Costa Silva, médico, membro da Academia Pedreirense de Letras – APL, da Associação de Poetas e Escritores de Pedreiras – APOESP, ex-Vereador-Presidente da Câmara Municipal de Pedreiras. E-mails: arcs.rob@hotmail.com.
Gostei do texto e mais ainda por vc não compartilhar da mesma religião e isso é raro de si vê(a atitude).
ResponderExcluirObrigada.
Andréa.
Sonho com um mundo onde as divisões e o ódio religioso serão superados, onde os irmãos na fé em Cristo se respeitem, mesmo pensando ou orando diferente. Infelizmente diferente do Dr,Allan, homem culto e por isso educado com relação a fé que os outros professam, a "pastores" que se empenham em pregar o ódio e o fanatismo em suas conggregações principalmente com relação a Igreja Mãe de todas essas que hoje também pregam a palavra do Cristo. Que susto quando ontem ao me dirigir ao Culto Católico, deparei-me com escritos mentirosos e provenientes de uma mente adoecida pelo fanatismo nas paredes da Igreja do Setor Parque das Palmeiras, que acusa os Católicos de idólatras e pasmem de "pecadores"! Como se a mão que escreveu aquelas calúnias fosse imune ao pecado, ou seja teriam sido escritas pelo próprio Deus. Quem é idólatra nesse caso?
ResponderExcluirAss:Católico Apóstolico Romano, com muita alegria.