Em 2007 e
2008 eu escrevia artigos para o Jornal
Pequeno de São Luís e Panorama
Regional de Pedreiras e região, que eram com minha permissão republicados
pelo Jornal/Blog Turma da Barra, de
Barra do Corda e por um Blog/Jornal de Arari que no momento não me recordo do
nome.
Em
abril de 2008 o mundo “fervia” com a iminência das prévias do Partido Democrata
norte-americano e a ferrenha campanha entre seus dois candidatos, Hillary
Clinton e Barack Obama. Mas “pegava fogo” mesmo no mundo era a explosão do
sucesso popular de Obama, o que a imprensa mundial chamava na época de
“obamamania”, pelo inusitado de sua personalidade e trajetória pessoal
historicamente ímpares em toda a história americana. Isso ainda a sete meses da
eleição que o elegeu e ainda sem ele ser de fato escolhido candidato, pois a
toda poderosa Hillary tinha tudo para vencer nas prévias democratas. Contagiado
pela “obamamania”, escrevi naquele abril/2008 o artigo abaixo publicado nos
órgãos de imprensa citados acima. Vejamos:
Sempre a
esperança
É
inerente à condição humana manter a inquietude e procurar transformar situações
que não lhe estão agradáveis, mesmo que muitas vezes a mudança esperada redunde
em mesmice ou retrocesso... Mas o que diferencia o Homem dos demais animais é a
inteligência – do latim intro leggere,
que significa ser capaz de ler dentro, além das aparências (não é a quantidade
de cultura e memória que um indivíduo tem, como erroneamente pensa a maioria
das pessoas). Cientificamente o conceito de inteligência é a capacidade de o
indivíduo transformar e/ou adaptar-se a novas situações ou adaptar as situações
as suas necessidades. Portanto, explicado está essa inquietude e busca de
transformação nas pessoas, pois mesmo o mais medíocre ser humano é dotado de
inteligência, que o impulsiona a querer mudar o que não lhe agrada ou o que não
lhe é conveniente. Sendo assim, podemos concluir que a esperança é irmã da
inteligência e exclusiva dos humanos.
E é para falar de inteligência,
mudança e esperança que fiz toda essa introdução acima. Mas é mudança em outra
pátria, bem distante daqui, porém nos interessa porque o que ocorre lá é
sentido positivo ou negativamente em todo o mundo. Falo do processo eleitoral
nos Estados Unidos-EUA, numa situação interessante, que parece ser possível
colocar um homem jovem, negro, de origem muçulmana e africana e sem tradição
política extensa no mais importante cargo da nação de maior poder político,
econômico e bélico do mundo. Barack Hussein Obama galga a cada dia a
proximidade de disputar pelo Partido Democrata a vaga de Presidente dos Estados
Unidos com John McCain, do Partido Republicano, o mesmo do atual Presidente
George W. Bush. Barack (abençoado, em árabe) é senador pelo estado de Illinois
desde 2005 e depois de vencer as votações de Washington-DC, Maryland e Virginia
ultrapassou a pré-candidata democrata e ex-primeira-dama Hillary Clinton na
preferência do eleitorado democrata e de lá até agora permanece na crista da
onda, indicado pelas pesquisas como o único capaz de vencer o candidato
republicano.
O simbolismo da Obamamania americana
é enorme para o mundo. Há três meses ele era um mero candidato desconhecido,
todas as atenções eram para Hillary, mas quando o país prestou atenção na sua
oratória eloqüente e incendiária, que martela a necessidade de mudança nos EUA
e evoca a necessidade do povo americano acreditar e ter esperança de poder
fazer as transformações necessárias, a nação americana foi tomada a la superstar por sua imagem esguia,
negra e frágil e os cartazes escritos com as mensagens “Change - we can believe it!”
(Mudança – nós podemos acreditar!) e “Stand
for Change!” (Procure Mudar!) foram tomando messianicamente todos os pontos
da terra do Tio Sam. Pregando a retirada das tropas americanas do Iraque, uma
relação mais solidária dos EUA com o resto do mundo, investimentos sociais para
a melhor qualidade de vida de grande parte da população americana, mais tolerância
e oportunidades com os imigrantes estrangeiros e mudanças econômicas drásticas
na economia americana quebrada por Bush, que coloca o mundo à beira do caos
econômico, provocado principalmente pelas despesas desnecessárias com a guerra
do Iraque (devaneio irresponsável e vaidade inconseqüente de Bush), assim o
carismático descendente do Quênia desponta para o mundo como sinal de que a
política econômica e externa norte-americana podem ser duras, mas a mente e o
coração de seu povo são sensíveis, solidários e dóceis.
Mesmo que não seja o escolhido pelos
notáveis do Partido Democrata para concorrer (as regras eleitorais americanas
são tão estapafúrdias que Bush foi reeleito sem ter tido a maioria dos
votos...) ou que seja o candidato democrata e não vença a eleição e perca para
o conservador McCain, Obama, só pelo desempenho atual, já é o maior vitorioso
desse processo eleitoral yankee e já
entrou para a história pela simbologia que representa para o mundo a mais
poderosa nação mundial escolher alguém com seu currículo e história pessoal
para representar a fé do povo norte-americano em mudanças. Importante ressaltar
o caráter ímpar de simbolismo e evolução desse processo eleitoral, em que
desponta como candidato conservador o mais light
deles (McCain) e pelos democratas a experiente e altiva Hillary Clinton,
mulher, senadora, ex-primeira-dama de inteligência e capacidade renomadas, além
do democrata Obama com as características que já exploramos acima. Para um país
que até há menos de cem anos os negros eram proibidos de fazer faculdade e eram
segregados severamente em todos os sentidos de relações sociais, a expressão da
escolha de Obama e a concorrência com a feminista Hillary representam uma
progressão louvável das relações democráticas e de poder exemplarmente
escancaradas para o entendimento mundial.
E temos que nos preocupar com o que
acontece nos EUA, pois a economia globalizada faz com que hoje nos preocupemos
com os destinos políticos das maiores economias e nações mundiais, já que se
elas derem um simples espirro, esse espirro vai ser sentido como pneumonia nas
mais longínquas corruptelas e rebimbocas das nossas cidades tupiniquins.
Portanto, é torcer ou pelo neguim ou
pela muié.
Pois é. O
resultado todos nós já sabemos. Obama venceu Hillary nas prévias democratas e
venceu o republicano John McCain na eleição presidencial em novembro de 2008,
tendo como mote de campanha o famoso “Change.
Yes, we can!” (Mudar. Sim, nós podemos!). Fez um governo todo centrado no ser humano, não na economia e na
guerra, e deu ao mundo demonstrações várias de evolução e civilidade, começando
por nomear sua maior e mais ferrenha adversária democrata Hillary Clinton para
o cargo chave e mais poderoso de seu governo, a Secretaria de Estado Americana.
Veio
agora o novo processo eleitoral americano. Obama vence esmagadoramente a
eleição do conservador e republicano Mitt Romney e os lemas da campanha dessa
vez eram “Forward” (Pra frente!) e
“More four years!” (Mais quatro anos!). E proclama em seu discurso de vitória: “Livre-se dos bajuladores. Mantenha perto de
você pessoas que te avisam quando você erra.” Maquiavel já dizia isso há
mais de 500 anos e já escrevi isso aqui. Pena que os
nossos chefetes locais, regionais e estaduais não tenham essa grandeza e essa
inteligência. Pelo contrário! Adoram os bajuladores e odeiam de morte e
perseguem os críticos sinceros. Que aprendam com Obama as nossas lideranças
tupiniquins. Por isso ele é o homem mais poderoso do mundo e seu povo o
reconduziu ao poder. Valeu, Obama! O mundo agradece.
*Allan Roberto Costa Silva, médico, ex-presidente da Câmara Municipal de
Pedreiras, membro da Academia Pedreirense de Letras e membro da Associação de
Poetas e Escritores de Pedreiras. E-mails: arcs.rob@hotmail.com
ou allanrob@bol.com.br
A cada dia me surpreendo mais com a capacidade do Allan. Análises límpidas e coerentes, senso crítico afinado, correlações de fatos inteligentíssimas com raciocínios lógicos e complexos que encantam a leitura de seus textos e surpreende com seu potencial argumentativo e de persuasão para nos fazer refletir a nossa realidade e nos mover a transformá-la. E sua fonte de assuntos e conhecimentos é eclética e inesgotável -- do mais atrasado povoado de Pedreiras aos Estados Unidos, de Maquiavel a João Paulo II, da física quântica à antropologia e por aí vai.
ResponderExcluirSó o conheço a distância. Mas o admiro demais. Pedreiras deve se orgulhar desse filho estelar.
Muitas vezes me entristeço com comentários sobre ele aqui e chego a pensar que essa cidade não o merece e não entende tamanha inteligência e sagacidade, que com certeza pensa muito a frente dessa massa ignara que aí está. Sou pedreirense, mas vivo fora daí, apesar de visitar anualmente minha terra, e me entristece ver muitos de meus conterrâneos elevando idiotas e destratando pessoas geniais como Dr. Allan por suas opções de vida pessoal ou políticas. Isso é expressão de atraso. Saibam que ele a cada dia me convence mais de ser ele mais um dos motivos de me orgulhar de ser pedreirense.
Antonio Carlos Moraes Gadelha
eita que esse é que é o homi gente. ele entende é de tudo e até dos estados unidos. cabra bom esse dotô allan. quanto mais passa o tempo ele mostra pra ese povo que maltrata ele aqui que ele é maior e tem muito valor. da-lhe dotô. é de gente assim que a gente precisa.
ResponderExcluirDr Allan leio sempre a COLULA AR, vejo muitas criticas, uma eu concordo outras não. Só gostaria que você fosse mais imparcial no seu editorial, ou seja, criticar quando tem que criticar e elogiar quando tem que elogiar. Você fala de possoas que tocaram o terror em nossa cidade e hoje você só elogiar. Você critica o atual prefeito como si ele só tem feito coisa ruim, concordo com muitas (maioria) delas, mas ele também fez coisas boas, assim como os ex-prefeitos, que também fizeram muitas coisas ruins. Não estou aqui defendendo ninguém, apenas gosto de ler matérias imparciais. Solicito do Senhor Dr. Allan que faça comentários imparcial. Vou continuar lendo suas colunas. Um grande abraço.
ResponderExcluirCadê os detratores do Dr. Allan? Será se só aparecem quando o tema do texto dele é local?
ResponderExcluirTaí a prova de que são os jagunços da caneta do PT e do LENOLIXO.
Dá-lhe, Doutor!!!