LIDERANÇA, A FALTA QUE FAZ

Nossa região está diante de muitos problemas, velhos e conhecidos problemas, que ancoram nossas cidades em indicadores de qualidade de vida muito baixos. Por um lado é visível a pujança econômica, por outro é real a distorção entre o crescimento de nosso comercio e nossa qualidade de vida.

Não podemos olhar nenhuma de nossas cidades da região de Pedreiras de forma isolada, portanto falo de uma região de mais de 230 mil habitantes. Região que é vista assim pelos diversos grupos econômicos nativos ou que aqui buscam implantar ramificações de seus negócios. Para essa finalidade Pedreiras, e região tem buscado se estruturar heroicamente da melhor forma possível, através de suas associações comerciais e agencias de fomento.

Nosso comércio em quase nada deixa a desejar aos grandes centros, ninguém precisa mais se deslocar grandes distancias, pois por aqui de quase tudo se encontra um pouco. No entanto, os serviços públicos não acompanharam esse crescimento nos últimos anos e na maioria das vezes estão para o crescimento como uma grande pedra encravada no meio do caminho. Atribuo boa parte desses problemas a falta de liderança e a confusão que se faz entre o verdadeiro líder e pessoas que ocupam cargos ou funções.

Basta que observemos apenas três áreas prioritárias da mais importante cidade de nossa região. Pedreiras é a mais importante e a de maior renda per capita e tem graves problemas de saúde, estrutura e educação.

Na saúde, além dos pedreirenses, temos todos os outros municípios também usufruindo dos serviços aqui disponibilizados, tivemos nos últimos anos uma diminuição da quantidade de leitos hospitalares e dos especialistas de diversas áreas. Com mais de 230 mil habitantes, já deveríamos contar com uma Unidade de Terapia Intensiva-UTI, principalmente em decorrência dos incontáveis casos de acidentes.

Na infra-estrutura, nossas ruas e avenidas, que servem também de estrada para a maioria dos municípios vizinhos, são hoje um verdadeiro problema, muitos preferem até mesmo fazer um trajeto mais longo e desviar por outras cidades uma vez que o transito na Avenida Rio Branco está impraticável. O comercio já não pode mais contar com o estacionamento e a ponte é hoje um grande funil, única alça de acesso para chegar e sair de Pedreiras e Trizidela do vale, isso quando o nosso Rio Mearim permite.

A educação tem avanços estruturais e qualitativos louváveis na área privada, que são usufruídos por quem tem melhores condições na cidade e na região, o ensino é mais uma referencia regional, mas muitos ainda estão excluídos do processo por falta de qualidade e presença maior do setor publico, principalmente no ensino superior.

A muito tenho observado em nossa região o desperdício de oportunidades de várias pessoas que chegaram ao poder e poderiam ter sido lideres eficiente e de grande valor, destes que toda região precisa para confiar os seus destinos e estar tranquila tocando suas vidas pessoais e empresariais, mas que não tiveram competência, carisma, visão e postura para preencher a grande lacuna existente.

Temos muitos que ocupam cargos ou função pública que a usam em detrimento pessoal ou de um grupo, são prefeitos, deputados, diretores, vereadores e chefes que utilizam as prerrogativas do mandato ou cargo apenas para servirem a grupos ou a quem os nomeou em detrimento de um trabalho mais profundo e voltado para a sociedade em geral, pessoas estrategicamente perfeitas para quem as elegeu ou nomeou, mas não para a coletividade.

Já tivemos jovens que poderiam ter sido promissores politicamente, mas foram grandes fiascos, produtores de escândalos de dimensões nacionais. Ou Políticos eleitos com grande maioria que não conseguiram se reeleger com a máquina administrativa na mão. Alguns eleitos pelo clamor de mudança e desgaste de antecessores e que administraram como se a cidade estivesse sempre em marcha à ré, justificando ações de governo comparando com o passado. Políticos que cortejam há vários anos o mesmo grupo político estadual enquanto se conferem nos dedos de uma única mão os feitos deste grupo em nossas cidades que realmente contribuíram com o avanço de nossa região e gente que renuncia de funções, delegando a quem não recebeu nenhum voto a prerrogativa de exercer de fato o cargo.

São muitos anos e muitos os exemplos, mas a liderança, a boa liderança por aqui é coisa rara.

Muita gente confunde a liderança com o ato de possuir um cargo ou mandato, outros com ser autoritário, ser influente, ditador, mandão, empregar gente, ter empresas ou terras. Mas, a liderança, é algo que se sente e se vê de longe, a postura de um líder é visível, o líder não grita nem manda, o líder inspira. Inspira e faz as pessoas se espelharem, pelo que faz, pelo que diz e faz as pessoas quererem viver ao seu modo e seguirem seus exemplos. São como os nossos pais, aquelas pessoas que nunca saem de nossas mentes e nossos corações, que a simples lembrança nos enche de esperança e confiança em ir sempre em frente, seguindo e realizando cada vez mais em nossas vidas.

Líder é como um representante de classe na escola, que vai a direção falar em nome da turma e não simplesmente tomar cafezinho e tirar foto com os superiores.

Atribuo os nossos maiores problemas a falta de comprometimento de alguns “lideres eventuais”, ou seja, que estão no poder por força das circunstâncias ou mesmo acidentalmente e ao invés de servirem com humildade, lealdade e presteza ao seu povo, se isolam nas redomas de puxas saco que os tornam surdos e cegos aos clamores das ruas ou nas ante-salas de palácios buscando sempre mais pra si que para a coletividade.

Alguns podem ser chamados de autoridades pela nomenclatura do cargo que ocupam de prefeito, deputado, vereador, diretor, chefe, mas nunca serão lideres, pois liderança não é posição hierárquica é uma relação de respeito, sensibilidade, profunda e transparente.

Vejo que alguns pensam ser o líder e batem no peito arrotando riqueza e poder, enquanto nossos municípios ficam mais pobres a cada ano e sem nenhum respeito por parte dos governos estaduais e federal. A quem pode interessar um “líder” rico e abastado se nosso povo não consegue sequer acesso aos serviços mais básicos? A quem pode interessar ter um “líder” amigo do governo, se o governo não é amigo do nosso povo?

Cabe também perguntar ao nosso povo, que tipo de lideres se quer em nossas vidas? Um que só veja e governe para seu grupo? Ou o que servirá a todos, que olhe hoje e enxergue também o amanhã? Queremos um líder para carregar pessoas dependentes? Ou um líder que torne as pessoas competentes? Queremos um líder que mantenha um exercito de seguidores, ou um líder que possibilite a formação de novos lideres?

Não é fácil identificar uma coisa que às vezes nunca vimos em nossas vidas. Mas, muitos, a maioria de nós sabe muito bem quais os atributos devem ser enaltecidos, quais devem ser banidos e o que buscar num líder. O líder, não é necessariamente um santo, mas tem aura e brilho próprio, encanta e esperança com suas palavras e ações. Reconhecer o líder é fácil, difícil é explicá-lo. Como também é muito fácil identificar os que eventualmente estão apenas ocupando o lugar de lideres. É só imaginar a maioria dos que estão por aí agora imbuídos de cargos ou funções ou querendo alcançá-los. Imagine-os sem o status do cargo ou o dinheiro que dizem ter... O que sobra? Sem os cargos e sem dinheiro a maioria dessas pessoas volta a ser o que sempre foram na vida, Nada. 

Nossa região é promissora, mas precisa de lideres de verdade, com carisma, visão e competência. A saúde, a infra-estrutura e a educação são apenas alguns simples exemplos, nestas áreas tem problemas de todos os tipos e tamanhos e nas demais também.

Somos muitos, a maior parte de nós remando a favor da maré, trabalhando duro e cumprindo seu papel.

Entre nós existem alguns que tramam contra o progresso, às vezes por estarem tão magoados que não conseguem se vê num futuro melhor, cultuam a máxima do “quanto pior melhor” ou “isso é assim mesmo e sempre vai ser assim”, mas esses não fazem isso a troco de nada, alguma coisa move essa minoria. Como os famosos “cabos eleitorais” ou “atravessadores de voto”, pessoas que fazem barulho e não ligam para as reais intenções do candidato que está lhes pagando.

É um jogo realmente. Nossa região tem aproximadamente 230 mil habitantes. E não devemos ter nem mil pessoas com esse tipo de comportamento nocivo ao progresso e favorável aos falsos lideres. Em um jogo em que, numa equipe temos 229 mil jogadores e do outro lado apenas mil, quem deveria vencer?

O maior problema de nossa região não é saúde, educação, infra-estrutura, ação social, o maior problema de nossa região é a ausência de liderança.

Simplício Araújo