Vítimas da chuva em Trizidela do Vale já esperam pelo pior



Rio Mearim - Pedreiras/Trizidela do Vale, MA - Brasil.

Trizidela do Vale - O período chuvoso ainda não começou no município de Trizidela do Vale. Mas as pessoas que moram à margem do Rio Mearim vivem dia após dia com uma lamentável certeza: quando a chuva apertar e o nível do rio subir, terão de abandonar suas casas. O problema atinge pelo menos dois mil ribeirinhos que residem em três ruas do Centro da cidade, próximas ao rio. A história se repete há décadas, mas não existem planos para solucionar o problema, apenas estratégias emergenciais para remoção das famílias e doação de cestas básicas após a inundação das casas.


A estudante Luana Santos, 16 anos, mora na Rua Collor de Melo no Centro do município de Trizidela do Vale e mostra na janela de casa a marca da última enchente ocorrida em fevereiro deste ano. A mancha não é apenas a lembrança de um problema passado, mas a evidência de uma realidade que atinge pelo menos duas mil pessoas que moram na região. Eles utilizam um único recurso como prevenção contra a cheia do Rio Mearim: esperam a enchente chegar.

Luana explica que todos os anos, a partir de fevereiro, a família organiza os pertences de casa, guardando tudo em malas para facilitar a saída de casa. “Retiramos algumas coisas antes e arrumamos as malas, aí ficamos esperando a enchente chegar. Quando a água alcança o chão nós vamos embora”, conta. O período de alagamento também impede a prática da lavoura, uma das atividades comuns entre os moradores.

Os móveis, como sofás, guarda-roupas, mais eletrodomésticos retirados das casas são transferidos normalmente para escolas da própria cidade ou do município vizinho de Pedreiras. Em alguns casos, as pessoas transferem os materiais para a casa de parentes, moradores dos bairros mais altos, como o Aeroporto. Essa foi a alternativa encontrada pela lavradora Rosilene Lima Sousa, 30 anos, durante a enchente do início deste ano.

Rosilene mora na Rua do Tamarino que fica de frente para o Rio. Ela explica que é comum com o início das chuvas em fevereiro, a água alcançar a pista e ficar no batente de casa. O sinal de que a situação vai piorar é visto pelo quintal de casa, mais baixo do que a frente da residência, por onde a água avança com mais força. “Das três ruas aqui é a que demora mais a encher, mas quando enche, a gente vai logo embora”, comenta.

O orçamento da lavradora é baixo, não ultrapassa um salário mínimo, mas ainda assim, além do sustento dos três filhos, o dinheiro é dividido com a reparação de danos provocados pela enchente. Ela explica que nem sempre é possível consertar tudo, as paredes da cozinha ainda mostram rachaduras do alagamento de 2009, o piso ficou completamente destruído e teve que ser refeito.

Rosilene afirma que durante os períodos de cheia, a população atingida recebe ajuda da prefeitura para retirar os moveis e outros materiais de casa, assim como cestas básicas durante o período em que ficam nos abrigos improvisados em escolas e galpões. Contudo, a mulher reclama que, posteriormente, nos gastos para recuperar a casa não conta com o auxílio do poder público, assim como as outras famílias desabrigadas.

Ao longo dos 20 anos que mora no local, a lavradora já aprendeu a conviver com o problema, o que não significa que esteja conformada com a situação. O nível das águas fica em torno de 50 centímetros no interior da residência dela, sendo que em 2009 chegou a 1,2 metros. “Que a gente tem vontade de mudar para outro lugar a gente tem, mas não temos condição de comprar outra casa. É difícil encontrar comprador e nunca oferecem o suficiente para comprarmos outra casa”, desabafa.

2 comentários:

  1. É, meu amigo Mr. Heel, não é à-toa que o seu blog faz sucesso. A cada instante que eu abro esse blog, ele me encanta com as lindas, críticas e reflexivas matérias que você posta. Quero lhe conhecer, amigo! Posso? Andei muito ocupado com trabalhos e estudos na reta final do meu curso de Direito. Em 2012, vou querer ser um parceiro desse blog que está sendo comentando até nos corredores da Assembleia Legislativa e no Gabinate da senhora Governadora.Um primo meu trabalha no Palácio e me falou. Essa foto do Rio Mearim está um verdadeiro show. Mr. Heel você é o cara, blog em Pedreiras, só oe seu mesmo.

    Dalluz Guedes Acadêmico de Direito Ceuma/SLZ

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    1. Na realidade só sabe o sofrimento dessas enchentes quem vive o problema todas os anos, nós q moramos aqui nas áreas de risco em Trizidela sabemos o quanto é triste vê nossos móveis acabarem todos os anos, e ainda tem funcionária da Secretaria de ação social que fica zombando dizendo que nós alagados temos "regalias"! seria bom que ela viesse passar esse sufoco que passamos, para ela ver se é bom ter q sair de nossas casas para irmos para alojamentos onde até para receber uma cesta básica somos humilhados!

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Pedras Verdes, Pedreiras, MA, Brasil.