Quando eu era criança, que chegava a época do Natal, eu criava dentro de mim uma grande expectativa de ganhar o presente dos meus sonhos. E o que seria o presente dos meus sonhos? Ora, seria qualquer coisa que naquele momento eu desejasse e tivesse a liberdade de escolher e dizer para meu pai ou minha mãe que a comprasse. Liberdade de dizer o que eu queria, eu tinha, agora, o privilégio de ganhar, não.
Os presentes que eu recebi em todos os Natais da minha vida, nunca foram os presentes que eu escolhi ou desejei. Todos foram ao gosto dos meus pais. Então, isso criou dentro de mim uma insatisfação, uma revolta e um descontentamento. Eu ainda diria que isso gerou em mim, um trauma natalino.
Mas o tempo foi passando, passando, passando... E hoje, no patamar dos meus 47 anos, vejo que abaixo de Deus, o maior sábio, o maior mestre é o tempo. Impressionante como o tempo nos ensina e nos mostra a cruel realidade da vida.
Bem antes que eu concluísse o meu Curso de Letras, na Faculdade de Educação São Francisco - FAESF (com muito orgulho), o Romantismo era a corrente literária que mais me enchia os meus olhos de encantamento. Mas graças a dois grandes educadores, Nazeldo Cruz e Romildo Rios, com quem tive o prazer de estudar a disciplina Literatura, aprendi que é no Realismo que aprendemos enxergar o mundo e lê as pessoas na sua condição humana. No Realismo não há máscara.
Referindo-me ainda sobre o Natal, Papai Noel e os presentes que eu sonhei e nunca os recebi, hoje peço mil desculpas ao meu Papai Noel, porque somente hoje eu conheço o meu Papai Noel como ninguém.
Meu Papai Noel foi um menino pobre, que chegou a Pedreiras ainda criança sendo transportado de animal juntamente com toda a sua família. Veio do Estado do Ceará fugindo da seca, da miséria e da grande pobreza. Aqui foi morar na casa dos barões da época. Viveu no convívio das casas das famílias João Chaves e Zinô Caldeira. Nunca teve o prazer de ir a uma escola, mas com muito esforço aprendeu a profissão de maquinista de usina de pilar arroz. Como educação escolar, a única coisa que aprendeu, foi a desenhar o seu nome: Joaquim Ferreira da Silva.
O meu Papai Noel sempre trabalhou muito, mas pouco dinheiro levava para casa. O pouco que ganhou na vida foi suficiente somente para a sobrevivência da família. E, se o meu amado Papai Noel nunca pode dar-me o presente dos meus sonhos, por toda a sua vida e até hoje vem me dando amor, carinho e o prazer de poder dizer que tenho muito orgulho de ser seu filho.
Neste Natal, para milhões de crianças no mundo inteiro, não será diferente. Quando for à manhã do dia 25, muitas nem se quer saberão o que é ter pai, ter uma família, imagine ter o presente dos seus sonhos.
Neste Natal, a única coisa que eu quero pedir a Papai Noel, é que Ele possa em 2012, me manter bem distante de toda maldade que há no mundo. Que Ele possa manter bem longe de mim, todos os falsos amigos que, em 2011, movidos pela inveja e a falsidade, não tiveram a altivez de se alegrarem com o nosso sucesso.
JOAQUIM FERREIRA FILHO
Graduado em Letras pela Faculdade de Educação São Francisco – FAESF
Membro-fundador da Academia Pedreirense de Letras – APL
Rua Corinto Nascimento, 39 – Goiabal – Pedreiras/MA.
(99) 8110.3668
Bela mensagem!
ResponderExcluirParabéns Joaquim, por essa e muitas outras mensagens que escreves com tanta perfeição!!
Estou eu aqui com os olhos cheios de lágrimas, emocionada com essa mensagem!
O Natal me faz voltar a infância...tenho saudades das noites enfeitadas e coloridas com as luzes das pequenas árvores das casas de meus vizinhos (Dona Joana e seus papais noeis de algodão), da expectativa pelo presente (que as vezes não ganhava, mas brincava com o dos colegas), das rodovias feitas nos montes de areia, para com meu caminhãozinho de plástico viajar num mundo de fantasias inocentes, da Missa do Galo pela TV,enfim....de todas aquelas pessoas que fizeram parte daqueles momentos mágicos, eternos, que estão gravados na minha memória. Tenho a impressão de que hoje não há mais aquela magia (será?), e isso me traz uma certa melancolia nessa época.Mais então, vou a missa e me lembro, que este é um tempo de alegrias, NASCEU JESUS, CHEGOU O NATAL, e sigo a vida, na expectativa de que meu filho um dia se lembrará tembém com muita nostalgia desse período mágico.
ResponderExcluirKlevOliv.
Parabéns Joquim Filho.
ResponderExcluirA verdadeira poesia, por mais que os românticos amem a inspiração afetiva e sofrível, é realmente no realismo - um trocadilho de quebra - que nos deparamos com todas as possibilidades de criação e construção poética e literária, pois até mesmo o romantismo está incluso aí.
É também no realismo que conseguimos crescer como pessoas ao enfrentarmos nossos traumas e decepções.Pois quando percebemos o quanto somos
egoístas nos fortalecemos e vemos os outros com mais humanidae. E diga-se de passagem, não tem nada mais egoísta do que um romântico.
Um bom texto. Parabéns.
Quarta Via.