A química do cérebro e as paixões - Dr. Ruy Palhano


Uma das prerrogativas humanas mais importantes é a possibilidade de amarmos e nos apaixonarmos, em qualquer época da vida. É uma condição desejada por todos os seres vivos e que garante a felicidade, o bem estar e o prazer na vida. Através do amor e das paixões nós garantimos a vida e a prorrogação da espécie.

Com o desenvolvimento do conhecimento neurocientífico e de outras áreas do saber relativas à vida social e comportamental, o homem cada vez mais se aproxima dos verdadeiros fatores que garantem a sua existência.
Por exemplo, se sabe hoje que o cérebro é um órgão ultracomplexo, formado por um trilhão de células nervosas e que só de neurônios são 100 bilhões. Todas estas células têm papéis específicos e definidos na hierarquia das funções cerebrais e comportamentais.

O diencéfalo órgão comum a todos os mamíferos, que é parte de uma das regiões mais antigas do cérebro primitivo o paleocórtex, intervém através do hipotálamo, no desejo e interesse sexual, recolhe informações do mundo externo e dos hormônios, controla e fornece respostas da excitação sexual, da ejaculação, das sensações emocionais e do prazer.

Outra região do cérebro denominado de sistema límbico, formado por micro regiões cerebrais discrimina e seleciona os estímulos, reconhece os sinais de saciedade na relação sexual (estar satisfeito) e inibi o apetite sexual, além de exercer uma centena de outras papéis no controle emocional em diferentes atividades humanas.

Estas informações todas nos asseguram que a nossa sexualidade apresenta-se não apenas ao nível dos estímulos (visuais, fantasias, etc), como também na expressão das emoções e, sobretudo do aprendizado. Algumas partes do nosso cérebro relacionam o ambiente e a cultura às nossas respostas sexuais. O resultado pode ter maior ou menor eficácia dando aos parceiros, maior ou menor prazer ou interesse na experiência sexual.

Razão, fantasia, emoção e aprendizagem se misturam em nosso cérebro dando respostas curiosas no dia a dia das experiências sexuais dos seres humanos, ao mesmo tempo em que procura regular e adequar tais respostas de tal forma que a expressão final de nosso comportamento seja a de desfrutar de forma sadia desta função

Intermediando estas funções estão os neurotransmissores cerebrais que são substâncias de natureza protéica sintetizadas em nosso organismo os quais garantem a fisiologia e a neurobiologia indispensáveis à ativação do impulso sexual quando ocorrem estímulos como as carícias e beijos os quais determinam a lubrificação vaginal e à ereção peniana.

Os cientistas conhecem também outra substância vital nestas atividades prazerosas e afetivas, qual seja, a feniletilamina um neurotransmissor descoberto há cerca de 100 anos, mas só recentemente começaram a associá-lo à paixão. É uma molécula natural semelhante à anfetamina e suspeita-se que sua produção no cérebro possa ser desencadeada por eventos tão simples como uma troca de olhares ou simplesmente um aperto de mãos.

A relação da feniletilamina com a paixão teve início com a teoria proposta pelos médicos Donald F. Klein e Michael Lebowitz, do Instituto Psiquiátrico Estadual de Nova Iorque onde ambos sugeriram que o cérebro de uma pessoa apaixonada continha grandes quantidades de feniletilamina, e que esta substância poderia responder, em grande parte, pelas sensações e modificações fisiológicas que experimentamos quando estamos apaixonados ou estamos amando.

Outro achado importante é que parece existir um limite de tempo para homens e mulheres sentirem os arroubos da paixão. Isto é a paixão é um sentimento finito e não dura muito. Segundo a professora Cindy Hazan, da Universidade Cornell de Nova Iorque, diz que "seres humanos são biologicamente programados para se sentirem apaixonados durante um período entre 18 a 30 meses". Ela entrevistou e testou 5.000 pessoas de 37 culturas diferentes e descobriu que a paixão possui um "tempo de vida" relativamente longo o suficiente para que o casal se conheça, copule e produza uma criança.

A pesquisadora identificou algumas substâncias que estão relacionadas com a experiência afetiva de alguém estar amando ou estar apaixonado: dopamina, feniletilamina e ocitocina. Estas substâncias químicas são todos relativamente comuns no corpo humano, mas são encontradas apenas durante as fases iniciais do flerte. Ainda assim, com o tempo, o organismo vai se tornando resistente aos seus efeitos - e toda a "loucura" da paixão desvanece gradualmente com o passar do tempo de tal forma que a fase de atração não dura para sempre. Nesta fase pode haver graves problemas na relação do casal pois os mesmos se vêem frente a uma dicotomia: ou se separam ou se habituam com as manifestações mais brandas de amor - companheirismo, afeto e tolerância, para permanecerem juntos, especialmente quando filhos estão envolvidos na relação", diz a Dra. Hazan.

Os homens parecem ser mais susceptíveis à ação dessas substâncias. Eles se apaixonam mais rápida e facilmente que as mulheres. Com base em outras pesquisas na mesma área, a Dra. Helen Fisher, antropologista da Universidade Rutgers e autora do livro The Anatomy of Love, demonstrou as várias manifestações e fases do amor e suas relações com diferentes substâncias químicas no corpo.

Por tudo isto conclui-se que para que haja um bom relacionamento sexual e afetivo entre os seres humanos faz-se necessário higidez cerebral que possa garantir a saúde mental necessária para expressar corretamente o bem estar da relação entre os seres humanos e a partir daí estas experiências possam se dá sem percalços pois do contrário, muitos problemas podem ocorrer.
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