HOMENAGEM A JOSÉ RAIMUNDO

Senhoras e senhores aqui presentes: familiares, parentes e amigos do nosso irmão José Raimundo da Silva, que no dia 16 de setembro deste ano, partiu, deixando saudades para filhos, netos, noras, genros amigos e enfim, a todos que o conheceram, o amavam e tinham um grande carinho por esse homem que fora muito importante para a vida social, cultural e econômica da cidade de Pedreiras. 


Prometo que a nossa crônica não falará de morte, e nem de tristeza. Não é esse o nosso objetivo. Falaremos sim, de vida, alegria e de tudo de bom que permeou o universo e a vida do nosso amigo José Raimundo. 

José Raimundo da Silva nasceu no dia 25 de outubro de 1927, na cidade de São Luiz Gonzaga, Estado do Maranhão, mas somente no ano de 1944, com 17 anos, chegara para morar na cidade de Pedreiras, lugar onde armou a sua tenda, se estruturou em todos os aspectos, até o seu último dia de vida. 

Em pedreiras, aprendeu a profissão de pedreiro, arte que desenvolveu com muito amor, carinho e maestria, a ponto de chegar a se tornar Mestre de obras, e com isso, ter fundado a primeira construtora da cidade de Pedreiras, a CONSPEL, sendo a quarta com registro no CREA-MA, empresa no ramo de construção civil, no Estado do Maranhão, cujo contador foi o contabilista e poeta, o saudoso João Barrêto. 

O tempo foi passando, o rapaz José Raimundo fora construindo amizades, ganhando espaço e simpatia do povo pedreirense e, com isso, conheceu o grande amor da sua vida, a jovem Maria da Conceição Alves da Silva, a Santinha, um pseudônimo carinhoso, dado pelos seus queridos e amados filhos, frutos dessa bela união que perdurou por muitos anos. 

E por falar em filhos, vejamos que não são poucos os rebentos do casal: Maria José Alves da Silva, José Raimundo da Silva Filho, Maria de Fátima Alves Silva, Raimundo José Alves Silva, Conceição de Maria Alves Silva, José Ribamar Alves Silva, José Antonio Alves Silva, José Carlos Alves Silva, Carlos José Alves Silva, Maria Anunciação Alves Silva e Maria Ilza Alves Silva. 

José Raimundo participou ativamente da vida social e empresarial de Pedreiras: além de ter fundado a primeira empresa de construção civil de Pedreiras, foi presidente da União Artística de Pedreiras, por cinco mandatos; sócio do Grêmio Recreativo Pedreirense; membro ativo da Loja Maçônica Renascença Pedreirense. 

Há um ditado popular que diz que todo homem tem que plantar uma árvore, gerar um filho e escrever um livro. Acredito que José Raimundo extrapolou essa teoria empírica, difundida pelo senso comum; foi além do que reza a frase. Mais do que plantar árvores, gerar filhos e escrever livros, esse humilde operário, com apenas o terceiro ano primário, construiu toda uma cidade; e que os Neros da pós-modernidade não ousem destruí-la ou incendiá-la. 

Quando afirmo que José Raimundo, no sentido literal da palavra, ajudou a construir a cidade de Pedreiras, posso mostrar, e aqui elencar a imensa lista de uma parte das obras que fizera em nossa cidade, isso sem citar as obras que foram executadas em outros municípios do Estado do Maranhão: Policlínica São Jorge (atual Hospital Municipal), Unidade de Ensino Oscar Galvão (antigo Bandeirantes), Unidade de Ensino Manoel Trindade, Secretaria Municipal de Saúde (antiga Escola de Enfermagem), Fórum, Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), Agências do Banco do Brasil das cidades de Pedreiras, Lima Campos, Igarapé Grande, Timbiras, Tuntum, Poção de Pedras e Grajaú, alem de ter construído as casas dos funcionários do referido Banco, das cidades de Pedreiras, Açailândia e Montes Altos; Sistema de Abastecimento de água de Pedreiras; Sistema de Abastecimento de água de Itapecuru Mirim; Sistema de Abastecimento de água de Santa Rita/Carema; Sistema de Abastecimento de água de Vargem Grande e Nina Rodrigues. 

Se o Mestre de Obras não escreveu livros, construiu escolas para que os nossos filhos pudessem se educar; se não plantou árvores, edificou casas para que o trabalhador tivesse moradia digna, para se proteger das intempéries da natureza; filhos, José Raimundo gerou muitos, bons frutos que sempre souberam honrar o seu nome, consequência da boa educação, da ética e dos bons ensinamentos que lhes foram repassados na convivência familiar. 

Sabemos que há tanta coisa que faz parte do dia a dia de uma cidade, detalhes que a tornam mais bela, com melhor qualidade de vida para se viver e morar. E, dentre esses detalhes, estão as praças, locais onde as pessoas se encontram para o lazer, a conversa, as manifestações públicas, o namoro e tantas outras coisas importantes que marcam a vida social de uma cidade. Mais uma vez, José Raimundo surge com um destaque especial que merece entrar para os anais da história. Rogo para que os nossos historiadores, pesquisadores, poetas e escritores não cometam a injustiça de deixar a margem do esquecimento, esse homem que marcou para sempre a nossa história. 

Eis as praças que foram construídas pelo Mestre de Obras José Raimundo: Corrêa de Araújo (centro), Melico Rêgo (centro), Bandeirante (Goiabal) Cinquentenário (conhecida como Praça da Sucam) Praça da Igreja Nossa Senhora das Graças (Engenho) e Praça do Rotary (Engenho). 

Conversando com o meu amigo José Filho sobre o seu pai, ele narrou com a voz, os olhos e a alma cheias de saudade: “Meu pai era um homem de muita visão no futuro, quando discutia política, não discutia como um apaixonado ou alienado por grupo A ou B. Fez política de bastidores e teve grande influência na campanha que elegeu Dr. Josélio Carvalho Branco a prefeito. Falava de política com uma preocupação de quem queria ver a cidade se desenvolver, pois o seu pensamento era evoluir junto com a cidade. A prova dessa visão futurística está no investimento que fez na educação dos filhos, a ponto de na época ter vendido a sua casa em Pedreiras, antiga residência de Dr. Jesus, e comprar uma casa em São Luis, para os filhos irem estudar na capital do Estado. Certa vez ele foi me visitar na Casa dos Estudantes, em São Luís, e ao constatar o local desumano que eu estava vivendo, saiu de lá chorando. Esses gestos de amor que meu pai tinha por nós, eu nunca vou esquecer. Meu pai era muito ligado a sua família.” 

José Raimundo teve em vida, grandes amigos que marcaram uma época de glória da vida pacata e tranquila que já reinou aqui em Pedreiras. Seus amigos foram: Dr. Josélio, Fogo da Sucam, Luís China, Astor, Duzinho, Edilson Mecânico e muitos outros; todos já falecidos. Amigos que ainda estão vivos: Batistão, Pedro Lopes, Joacy (meu pai), Zé Mendengue, Thiago Costa e Zé Santos. 

Na madrugada do dia 16 de setembro, numa sexta-feira, na cidade de São Luís do Maranhão, José Raimundo da Silva, o nosso Mestre de Obras descansou e partiu para outra dimensão, para a Casa do Grande Arquiteto do Universo. 

“Ele sempre dizia que construiu tudo de bom nesta cidade, mas a sua maior obra era a sua família.” 

JOAQUIM FILHO 
Da Academia Pedreirense de Letras – APL

2 comentários:

  1. Fiquei surpreso com o histórico deste senhor, conheço um dos seus filhos, que é gente da gente. Seu pai grandes obras fez. Bela homem Joaquim Filho.

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  2. No instante que leio sobre esse conterraneo exemplar, sinto orgulho de ser Pedreirense. Arimateia Junior ( Imperatriz).

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Pedras Verdes, Pedreiras, MA, Brasil.