Há algumas décadas, toda a região do Mearim conhecia a minha cidade natal, Lago da Pedra, como a movimentada Lago da Bala. Uma cidade violenta, que vivia cheia de assassinatos, crimes, medo e choro. De uns tempos pra cá, ainda observamos casos tristes na minha cidade natal, mas a situação melhorou substancialmente. No entanto, outra cidade tem vivenciado uma onda de crimes e provocado medo na população: A nossa princesa do Mearim, Pedreiras.
De janeiro de 2014 até o presente momento, já somam-se um número significativo de assassinatos e tentativa de homicídio, incluindo aí o caso do cinegrafista da TV Bandeirantes de Pedreiras, que foi destaque nacional nas redes de televisão do país. O que está acontecendo? Qual a explicação para tanta violência?
Pelas ruas da cidade, nas repartições, e no convívio com as pessoas ganha destaque como principal motivo para tanta violência o consumo de drogas na cidade. As drogas ilícitas já fazem parte do movimento comercial da cidade. Há gente ganhando com o mercado de drogas e os usuários fazem de tudo para ter a pedra nas suas mãos. Se o usuário tem dinheiro, ele não precisa ir à boca de fumo, paga um usuário que não tem dinheiro para ir, pagamento em droga. Àquele consumidor que não tem dinheiro pra comprar o seu baseado, e não tem nenhum parceiro pra trabalhar como avião (quem entrega a droga/ quem funciona como elo entre o comprador e o vendedor) para ele, acaba usando de outros métodos para conseguir o dinheiro para compra da droga: roubando, matando... Há ainda os acertos de contas, por discussões antigas, por questões pessoais, amorosas e outros fatores intrínsecos às mais diversas relações.
Infelizmente, matar virou algo banal. Quem tem acesso a uma arma se acha no direito de resolver seus problemas usando de um disparo fatal para encerrar um assunto ou fazer a sua “justiça”. O crime não compensa. Nunca compensará. E no meio de todo esse alvoroço, de todas essas questões, o medo passa a predominar. As famílias passam a ficar refugiadas em suas casas, com medo de o pior acontecer rua à fora. As pessoas passam a agir com o receio constante de serem atacadas, assaltadas, estupradas e assassinadas. Sem nenhum exagero, passamos a ser reféns de nossas próprias ações e passos. Cada passo dado é um sinal de alerta. Cada desconfiança é um medo ligado. E cá entre nós, viver assim é muito ruim.
Pedreiras da Bala não é um título bom pra ninguém. Sai todo mundo perdendo. As lojas, comércios, bares e outros estabelecimentos fecharão mais cedo por receio de que o pior aconteça em seus espaços. As pessoas deixarão de frequentar determinados lugares, os turistas deixarão de vir à cidade, e nossa Princesa viverá inebriada no medo.
É preciso atitude do poder público para conter a onda de medo que vem se instalando na cidade. Precisamos de mais ações das nossas polícias, monitorando o tráfico de drogas, verificando os locais de venda e consumo e combatendo todo esse mercado ilegal. São necessárias ações de educação e saúde: Campanhas educativas, nas escolas, nos bairros, nos locais de aglomeração urbana, apresentando os malefícios do uso de drogas, as possibilidades existentes na sociedade para que as pessoas tenham uma caminho interessante para seguir na vida, pois, apesar de tudo, nem todo mundo tem as mesmas oportunidades, e enfatizar a cultura de paz, do diálogo, da parceria, da compreensão e do amor.
Não se pode construir uma sociedade com base no medo, na violência e no ódio. É possível construir um presente bonito, para que as futuras gerações saibam cuidar do que vão receber e possam aprimorar as coisas boas e continuar cultivando a paz. Não há porque deixar como herança tanto mal existente hoje. As pessoas podem melhorar, a vida pode melhorar, tudo pode melhorar. A paz sempre será o mehor caminho.
Diogo Nascimento Moraes