SENTINDO NA PELE... (POR: MICHELLE CANTANHÊDE)

No primeiro dia de provas do ENEM já imediatamente constatei que é muito diferente do antigo vestibular, que era elaborado de acordo com a realidade de conhecimento de cada região (quando prestei morava em Recife- PE lá era feito TOTALMENTE específico divido em Humanas, Exatas e Saúde), onde tínhamos que conhecer os assuntos profundamente e obrigatoriamente estudávamos mais. 

Em comparação ao ENEM todas as questões são totalmente de interpretação de texto, então na verdade se você tiver lido bastante e atualizado em conhecimentos gerais não haverá maiores transtornos, em compensação os textos são enormes e extremamente cansativos. 

O ENEM reforça o retrato do descaso e desigualdade que sempre existiu na Educação do nosso país, e ao invés de avançarmos estamos nos adequando a falta dela, por que o importa mesmo são NÚMEROS. 

Um Brasil grande e diferente em todos os âmbitos, mas pude SENTIR NA PELE a realidade do meu município, contabilizei rapidamente varias e imensas discrepâncias. 

Ora não é um EXAME NACIONAL? Então é preciso equiparar o Sistema que prepara os alunos para as provas, e nem quero comparar por que seria humilhante. 

A começar pelo espaço físico, saí de pescoço duro de estar sentada numa carteira escolar própria para crianças de no máximo 12 anos, além do calor insuportável de meio dia e apenas dois ventiladores para uma sala grande. 

Como ter Raciocínio Lógico e Interpretar Textos (já que a base da prova é essa) nesse calor agoniante e “arriliante”( causando impaciência) de mais de 40 graus?? Já que não dispomos de um espaço mais adequado porque não executar a prova pela manhã que o clima é mais ameno? Não, não... é NACIONAL tem que ser mesmo no horário, HORÁRIO DE BRASÍLIA. 

Quando comecei a ler a prova, imediatamente constatei que a grande maioria dos alunos de Pedreiras e região, principalmente das ESCOLAS PÚBLICAS, não conseguiriam interpretar, simplesmente por não terem em absoluto o hábito de ler. 

E por fim a redação que teve como tema: O Movimento Imigratório para o Brasil no século XXI. Inclusive no ranking dos 100 prováveis temas de redação para o ENEM o escolhido estava em 89º lugar. 

Baseado no texto que relata a Imigração nas Américas e como foco principal a invasão dos Haitianos no Acre, devido a tragédia ambiental ocorrido em 2010. Escolheram um tema esdrúxulo, com tantos temas atuais, Conferência Rio + 20, Novo Código Florestal, Grandes Eventos Esportivos no Brasil, Mensalão enfim, temas da atualidade faria com que os jovens que não tem o hábito da leitura, que acredito serem a maioria, tivessem uma chance maior de desenvolver suas redações por serem temas explorados o tempo todo, discutidos nas mídias convencionais e sociais. 

Tudo ocorreu totalmente fora da nossa realidade, depois da percepção, articulei em meus pensamentos uma serie de ações simples e criativas que poderiam ajudar a melhorar, eu uma “simples mortal”. 

É preciso que tenhamos uma representatividade atual, antenada e sensibilizada para as diferenças de cada região. Adequar a prova a cada realidade e qualificar professores e alunos para tal. Esse “jeitinho” brasileiro de ludibriar a população que em contra partida não é participativa, agimos sempre com um sim Sr, basta criarem mais uma “BOLSA” e fica tudo certo.

Michelle Cantanhêde Araújo Bezerra é Técnica em Estética pelo SENAC / Fortaleza, com Especialidade em Cosmetologia, Peeling, Drenagem Linfática, Pré e Pós Operatórios, Técnica em Enfermagem, Acadêmica do Curso de Serviço Social.

5 comentários:

  1. Lindo, inteligente e bastante reflexivo o texto da linda e magnânime jovem Michelle Cantanhêde. As palvras de Michelle nos incita que todos os dias da nossa vida, nós, que fazemos opinião, que escrevemos, que trabalhamos com a educação, de estarmos antenado para o novo e para o que está acontecendo não só na nossa aldeia, mas no mundo.
    Com essa atitude de fazer uma anpalise-reflexiva acerca do ENEM, essa jovem deu uma grande contribuição para que o Ministério da Educação possa melhorarar não só o EXAME, mas a Educação num contexto geral.
    É, Michelle, você fez a prova numa escola da cidade e está se reclamando! Imagine se você tivesse ido fazer essa prova numa escola da Zona Rural e, tivesse que enfrentar o que eu e mais dois colegas educadores (Henrique e Josiane Polyarte) enfrentam! Aí, sim, com certeza você teria mais argumentos para denunciar a brincadeira que fazem com a Educação no nosso Brasil.
    A crônica-denúncia de Michelle e pertinente, tem sentido e merece ser postada, publicada e divulgada nos maiores jornais do País, sem nenhuma sombra de dúvida, que terá o apoio e os parabéns do leitores.
    É lendo uma moça com esse nível de intelectualidade que aprendemos todos os dias.
    Hoje, eu aprendi mais ainda.

    JOAQUIM FERREIRA FILHO
    RUA CORINTO NASCIMENTO, 39 - GOIABAL - PEDREIRAS/MA. (99) 8110.3668
    jofefipoesia@bol.com.br



































































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  2. Sou obrigado a discordar de muito do que li acima.
    No meu entendimento o ENEM é o sistema mais democrático de acesso ao ensino superior de qualidade. E para ter um ensino de qualidade é exigível um mínimo de qualidade do estudante. O ENEM exige que o estudante esteja antenado com o mundo que ele vive e que ele leia e saiba interpretar o que leu. Acho isso muito pouco. A universidade vai formar pesquisadores, cientistas, bachareis... Se o aluno não possui essa qualidade mínima exigida ele vai ser um profissional mediócre. Veja o caso das universidades particulares, que aceita alunos com nível abaixo do mínimo esperado, o aluno sai pior do que entrou e a universidade cai nos conceitos do MEC.
    Quanto a estrutura das salas no dia da prova do ENEM, a reclamação não cabe ao CONCURSO e sim ao administrador público que não respeitou o vestibulando, colocado-o em péssimas condições para realizar o exame. Porque existem municípios com salas com AR CONDICIONADO e outros não? Tenho certeza que o recurso para equipar tais salas está disponível para todos. Acontece que uns gestores investem o dinheiro como deve ser, outros (a maioria) rouba pra si e a minoria nem vai atrás de tal recurso.
    Reclamar é bom, mas precisa de uma boa fundamentação.

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  3. Excelente texto e bom preparo argumentativo tem nossa Michelle. Parabéns, minha ex-aluna brilhante. Concordo com você em vários pontos elencados de sua dissertação, mas discordo em outros. Mas para nós que entendemos que divergência é expressão de inteligência isso não nos trará rusgas.
    Concordo que o aluno da escola pública pedreirense não está preparado para o ENEM, Michelle. E quiçá o da escola privada de nossa província também. Eu vejo tanta barbaridade cometida contra nossa língua cometida por esses acadêmicos e profissionais da FAESF, além de demonstrarem despreparo tremendo em conhecimentos gerais e em outras áreas básicas do conhecimento humano, e conhecimento de informações banais até...
    Que você quiz nos fazer entender que o aluno da escola pública de Pedreiras não está preparado para o ENEM, e isso é a mensagem principal do seu texto, eu entendi. Mas temos que nos vigiar para que não defendamos nunca que por isso o nível do ENEM seja baixado para contemplar essas mazelas educacionais de locais como os da nossa região que não têm uma política de educação séria e planejada e que é assim por intenção propositada.
    Acredito no ENEM como melhor método e mais justo que o vestibular, mais completo e mais complexo e que assim deve ser. Como deve ser também constante nossa luta para mudar essa triste realidade social de nossa cidade e região que faz dos nossos alunos conterrâneos meros atores coadjuvantes quase sem chances de concorrerem às vagas que almejam nas melhores escolas de nível superior. Lutemos e transformemos essa realidade social e educacional. Acho que essa deve ser também a tônica de sua indignação.

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  4. Michelle Cantanhêde, respeito seu ponto de vista e até concordo parcialmente, porém, a comentar sobre a qualificação dos professores,temos que reconhecer que temos excelentes profissionais em Pedreiras.Neste sentido, sou obrigada a concordar com Louis Althusser quando afirma: façam o que fizerem os professores - lutem, melhorem suas práticas, melhorem seus métodos e materiais -, tudo será em vão, já que sempre reproduzirão a ideologia dominante e, pois, a sociedade vigente.Constatando que a escola é um dos Aparelhos Ideológicos do Estado porque transmite o saber produzido pela classe dominante, tornando-se instrumento de manutenção do status quo e das relações sociais de produção.
    Para corroborar com o pensamento de Althusser cito o artigo publicado em 1981 por Saviani quando descreveu com muita propriedade certas confusões que se emaranharam na cabeça dos professores.

    O professor tem na cabeça o movimento e os princípios da escola nova, a realidade, porém, não oferece aos professores condições para instaurar a escola nova porque a realidade em que atuam é tradicional. (...) mas, o drama do professor não termina aí. A essa contradição se acrescenta outra: além de constatar que as condições concretas não correspondem a sua crença, o professor se vê pressionado pela pedagogia oficial que prega a racionalidade e a produtividade do sistema e do seu trabalho, isto é a ênfase no tecnicismo. (...) Aí está o quadro contraditório em que se encontra o professor: sua cabeça é escolanovista, a realidade é tradicional; (...) rejeita o tecnicismo porque se sente violentado pela ideologia oficial: não aceita a linha crítica porque não quer receber a denominação de agente repressor. (SAVIANI, 1998, p. 20).
    Veja só tantos anos já se passaram e os pensamentos de Saviani ainda continuam bem atuais. No cenário atual da educação brasileira, observa-se que apesar das intensas lutas dos teóricos brasileiros, as decisões sobre currículo ainda estão atreladas aos interesses americanos. O Estado, nas últimas décadas, vem sendo reorganizado a partir de um discurso neoliberal, promovendo políticas de minimização da atenção do estado, uma das estratégias dos neoliberais é transferir a educação da esfera política para econômica, passando da condição de direito à condição de propriedade, e de dever do estado à condição de serviço.Por isso, concordo com você Michelle quando afirma "o que importa são os NÙMEROS.

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  5. Viva ao avanço tecnológico!!!!!!
    Os debates estão franqueados. Fala-se o que quer, ouve-se o que quer e o que não quer. É a democracia imposta pelas mídias sociais... basta ver os os comentários para o texto acima... Um debate rico onde de se lê de um comentário ingênuo até um comentário científico.

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Pedras Verdes, Pedreiras, MA, Brasil.