OPOSIÇÃO DE VIDAS EM CORES

Casa à margem da Estrada MA - Marianópolis - Pedreiras, MA, Brasil.

Minha terra tem muitos contrastes, em um mesmo pedaço de chão quanta beleza e precisão. A aparência pudica esconde mansamente a alegria, dor, desejo e podridão. Sobressaem-se os corajosos, honrados, serviçais, loucos, esfomeados. Os abutres passam, não planando nas correntes de ar quente; mas correndo, agora, no asfalto quente. 

Terra Vermelha, atraente até mesmo aos olhos de um brioso cego, pode ser sentido ao longe, pois exala o odor quente do sangue de uma vítima inconsequente. Somos predadores verdadeiramente vorazes e falsamente modestos; no entanto, humanamente iguais. Veja que Deus em meio a tanta pobreza nos faz lembrar o quanto somos ricos, ainda que por apenas um instante. 

Como é bela nossa terra e tão rica como sempre, mesmo desvalidos há quem pague por nós; mesmo desalijados há quem pague para nós. Essa terra tem alegrias: da certidão de nascimento à declaração de falecimento. Brota daqui o meu sustento, meu tormento, meu desdobramento esse é o torrão onde quero que sempre estejam meus rebentos. 

Nesta terra de contrastes não há saturação que mude minha opinião, os calos no branco de todas as mãos ainda há de se unir e o lábaro que sustenta toda ideologia da desigualdade perderá seu símbolo, e o vermelho de nosso sangue não será mais azul; a nossa terra não será de peão, pavão ou ladrão. Somos maranata sem maranha, ainda vamos ser simplesmente Maranhão.