POESIA DE IMAGEM

FOTO: BLOG PEDRAS VERDES
VISTA DA IGREJA DE SÃO BENEDITO, PEDREIRAS - MARANHÃO - BRASIL.


Momentos do dia de amar...

Em meio a momentos ordeiros
Escolhi a imprecisão da fuga
Subo a andar pelos ventos
E as direções se abrem
Como a flor silvestre desabrocha
Sem tempos nem épocas
Só há um caminho para o qual
O destino aponta
O caminho dos passos lentos
E aconchegantes das brisas de amar

Solto um grito nas ondas do tempo
Que um dos quatro ventos leva
Para as fronteiras do irreal
O tempo nunca se farta
De encarcerar os momentos
Nos sonhos de ontem
E tornar fatídicos os de agora

Os sonhos da noite anterior
Cada vez mais se distanciam
Se acomodando na profundidade
Do baú de memórias
Pois já é quase dia
E o ritmo da vida acelera
Enquanto usurpo momentos
Movimentos, detentos
Para apaziguar qualquer pedra
De realidade amarga
Que insista em desvirtuar
Meus nuances de bem querer

Amanhece
E prossigo no ritual de ficar
De permanecer no equilíbrio
Das correntes quentes ao meio dia
Mas a pressa me arrebata
E por um punhado de tempo
Deixo o paraíso por trás
Do reflexo do espelho
E acima nas nuvens das possibilidades

Vindo à vida
Acerto os ponteiros prioritários
Coloco o amor ao sul
Do norte poético
Para não se perder nos versos
De um poema irreal
Levo comigo um frasco
De frescas lembranças
Aquele olhar de despedida
Do início da manhã
Uma lembrança na tarde
E ânsia por outro beijo
Ao final do dia

É quase tarde
Mas ainda e sempre pleiteio
Um amanhecer travestido
De recomeço ou continuidade
Solto o punhado de tempo
Como um beijo à brisa
Da tardezinha de saudades
E as instâncias da vida
Se envaidecem, acrescentam
E assim rejuvenescem

Amo intensamente
Enquanto a pressa não anoitece
E o sentido do que foi
Não escureça o brilho
O amor cintila ao início da noite
Enquanto a cadência das estrelas
Não invejam seus momentos
De entrega e lealdade

A noite cai como uma luva
No coração de quem
Adormece na poesia
A luz da lua reflete
Na pele dos amantes
Nas flores de belezas noturnas
Em meus instantes de fuga
No eco do grito ao amanhecer
Nos momentos de cárcere
Mostrando o quanto de ilusão
E o quanto de realidade
Há entre a razão e as possibilidades
De um único dia

A vida em fim se aconchega
No manto negro da madrugada
Almas esperam enquanto se flagelam
É hora da colheita dos sonhos
Da colheita dos corpos que se dão
Encontros e desencontros
Acolhedores ou vãos

E nas noites das possibilidades
Não se adormece a ousadia
O poeta não cala sua melodia
Enquanto à espreita
O próximo sol espera
Por sua sentença, presença
Até enquanto a vida dure
Até enquanto o amor perdure
Pois ao morrer do amor
Morre também o próximo dia


Cálida

1 comentários:

  1. Um belo poema, com uma forte carga da verdadeira poesia.

    Amadeu Laurindo

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