"EI GAROTO! É FÁCIL CRITICAR QUANDO SE ESTÁ DE FORA"


Ao proferir tal frase uma garota, que há instantes tinha pedido um copo d'água com um pouco de açúcar, deixava transparecer sua agonia. Seu corpo quase esquelético, seu cabelos encaracolados sem vida e sem cor definida, seu sotaque sulista, a voz rouca, bem ofegante e taquicardia evidente. Seu aspecto de doente escondia toda sua raiva, no entanto sua voz denunciava o ódio que sentira por está em tal situação. 

- Sim! Estava eu ali, sentando diante de uma pessoa doente, que acabara de usar uma pedrinha que não era verde. Era uma pedra de OXÍ! - Oxidada, assim como estava a imagem daquela cidadã, só Deus sabe o que ela passou para estar ali naquele momento. 

Entre sua primeira golada de água com açúcar, chega o rapaz com quem eu estava conversando, cumprimentou-a, e logo ficou boquiaberto e calado, vendo a agoniada moça. Viu nela a imagem do que ele foi há meses atrás - era um "vivo morto", quase igual àqueles zumbis de filme de terror.

Ele com seus pertences na mão que trouxe de sua estada na Fazendinha (Fazenda Esperança - Coroatá -MA), logo o rapaz começou a falar comigo, me contando as boas novas, como foi boa a experiência que viveu e a libertação que tinha conseguido no seu internato. A garota por um instante nos olhou, suspirou e saiu andando meio cambaleante com a mão na cabeça, talvez em busca de quem lhe financiasse uma nova pedra ou simplesmente implorar por uma silenciosa ajuda.

- "EI GAROTO! É FÁCIL CRITICAR QUANDO SE ESTÁ DE FORA", essa frase ficou em minha cabeça, mesmo eu não sendo traficante, policial, juiz, prefeito nem nada. Eu nem se quer, falei alguma coisa para ela. Quando ela disse a frese nem olhava para mim. 

- É! Mais no fundo, bem no fundo, acho que ela leu meus pensamentos. A carapuça serviu direitinho. Espero que sirva para toda sociedade, a culpa não é só daquela moça. É nossa também.


Leitura complementar: BLOG DO PAUL GETTYAPERTE AQUI. 


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