QUEM PEGOU MEU LIXO?

Trabalhadora do lixão em Pedreiras, sem equipamentos de proteção, sem qualquer apoio ou instrução. Na parte inferior no centro, um suíno morto, não se sabe ao certo se aquele foi seu fim ou o começo do fim.

Quem for ao lixão vai perceber que em suas imediações é comum a criação de animais que vivem livremente em meio ao lixo.

Sabemos que o lixo é um dos piores problemas da atualidade. Há muito tempo vem se discutido em Pedreiras em busca de se achar uma solução viável para essa dificuldade. Um problema complexo que muitas pessoas têm se preocupado e buscam uma saída, que seja pelo menos razoável. Existem muitas alternativas para melhorar essa situação: coleta seletiva, reciclagem, aproveitamento sustentável ou processamento nas modernas, eficientes e custosas usinas de plasmas. 

Mas, como fazer tudo isso sem que se invista em material humano? O que fazer com o vasto material orgânico produzido no município? Como organizar isso tudo? Como fazer com que a população seja parceira da causa? 

Não vai ser fácil adequar, ajustar e manter um serviço eficiente de coleta, processamento e reaproveitamento do lixo. Tudo que se fez pela melhorada da situação o lixo em Pedreiras parece ter sido em vão. Uma cooperativa de ora em ora, uma série de projetos que naufragam em suas faltas, falhas e farsas, que deixam apenas folhas em branco, que sequer podem ser recicladas. Um verdadeiro crime é cometido contra a comunidade Pedreirense, como se não bastasse o abandono pela administração pública, a sociedade observa, reclama, se tranca e espera a bendita coleta do lixo que se acumula e não passa nas ruas. Enquanto isso, a chuva vai caindo, os cachorros vão fazendo a festa, e quem não quer esperar, dá um jeitinho e remata o agora, indesejado lixo. 

O lixo, no lixão, tem outro valor. Tivemos a oportunidade de visitar algumas vezes aquele local em três anos, não mudou muita coisa, na verdade a problemática apenas cresceu. A parte rica do lixo é disputada quase a tapas entre caçambeiros, garis e cooperativados: ferro, alumínio, cobre, vidro, garrafas PETS, e agora papelão; materiais reaproveitáveis e meia-vida: sapatos, camisas, calças, brinquedos, livros, móveis e eletrônicos, tem de tudo um pouco, e sem muita distinção do que perigoso ou benéfico – medicamentos são um prato cheio. Quando conversamos com os trabalhadores ali presentes, escutamos muitas histórias de achados e perdidos de objetos de valor material, histórico e/ou sentimental. Famílias inteiras em meio a contaminantes químicos, biológicos provindos do meio hospitalar. Tudo é manipulado e redistribuído em um fluxo frenético pelas várias residências que fazem fronteira com o “precioso” refugo de nossa cidade. 

A problemática do lixo não é simplesmente uma questão de infraestrutura, ambiental ou de saúde pública, na verdade, vai muito além do que podemos perceber. É também uma questão social, administrativa e educacional, que infelizmente só entendemos o quanto é importante quando o incomodo estraga nossa paisagem e impregna sua fragrância nas nossas ventas. 

Agora, o que está acontecendo em Pedreiras neste fim de mandato de governo municipal, é inadmissível, um verdadeiro descalabro; a sociedade pedreirense está ao léu, e se apegando com tudo que é santo para que sejam tomadas providências. Para onde nos viramos tem lixo acumulado e, sem qualquer justificativa nem solução, estamos tendo que engolir as moscas e pisar nos tapurus que se refrescam no chorume que escorre pelas ruas e avenidas da Princesa do Mearim.

Lixo na rua, constatado em qualquer lugar que se vá em Pedreiras.