O QUE É O AMOR

Texto: Dunnas do Maranhão

Quase todos os dias somos surpreendidos com notícias divulgadas nos telejornais de casos, em que determinadas “mães”, para fugirem da responsabilidade e do compromisso de cumprirem o seu verdadeiro papel de mãe, pegam seus filhos recém-nascidos e jogam no lixo, rios, igarapés ou muitas vezes abandonam seus rebentos em terrenos baldios e demais lugares, que lá ficam a mercê das intempéries e dos perigos do tempo. 

Toda vez que um fato lamentável desse acontece e se torna público através da mídia, grande comoção nos causa e nos faz um desafio a refletirmos sobre certas atitudes e comportamentos humanos que contrariam todos os ensinamentos, teses e discursos em torno da figura chamada Humana. 

Sobre este caso, preferimos não aprofundar-nos para não correr o risco de passarmos aqui como um juiz, que julga e em seguida bate o martelo e dá a sentença, o veredicto à ré, sobretudo, devido agora os entendidos nesse tipo de assunto terem encontrado a razão de certas “mães” tomarem tal atitude, logo após darem a luz um novo Ser. Portanto, os psicólogos descobriram a causa que leva uma mulher a proceder dessa maneira: depressão pós-parto. 

O propósito da nossa crônica não é falar com exclusividade do problema mencionado acima, mas o que foi citado servirá apenas como prelúdio para fazermos um paralelo entre o animal racional e o irracional. 

Há dias que um fato muito interessante vem nos chamando atenção e, por ser algo de extraordinário e sublime, resolvemos registrar, para que nós, seres humanos, pudéssemos refletir o porquê que em momentos da nossa vida agimos como se não tivéssemos sentimento, alma e amor; enquanto que os seres que denominamos de irracionais, se comportam e agem com muito mais racionalidade do que nós. 

Pérola é uma linda, meiga e doce gatinha que já está em nosso convívio há um bom tempo. Não vamos dizer que a criamos, porque criar é dar amor, pois nesse caso, penso que ela é quem nos cria, porque nos dar mais alegria, carinho e amor, do que nós damos a ela. 

Quando Pérola engravidou pela primeira vez, não teve muito sucesso com os seus filhotes, pois todos morreram ainda dentro da sua barriga e, uma cirurgia feita pelo médico veterinário Maurício Fernandes salvou-a, tirando os gatinhos que já estavam em estado de putrefação. 

Após a cirurgia, o veterinário perguntou-nos se poderia fazer a ligação, ou seja, uma cirurgia para evitar futuras gestações. E, com o nosso consentimento, o veterinário realizou com “sucesso” a ligação. 

Embora fiquem as cicatrizes, mas só o tempo cura as feridas! E, com o passar do tempo, Pérola ficou curada, e continuou sendo motivo de alegria em nosso lar e nos nossos corações. 

Os dias foram se passando, e, a cada dia Pérola nos dava alegria e o prazer da sua companhia fiel e carinhosa. 

Mas o que nós menos esperávamos, aconteceu! Pérola resolveu dar umas voltas e, nesses passeios andou se acasalando. Para a nossa grande surpresa, engravidou! Então, vieram os nossos questionamentos: como poderia Pérola ter engravidado, se ela tinha passado por uma cirurgia? Teria ela trazido a sina e que estava escrito que ela um dia tinha que ser mãe, mesmo contrariando a medicina veterinária e o conhecimento dos homens (os chamados racionais)? Foram tantos questionamentos que só o tempo e a Mãe Natureza foram capazes de explicar esse milagre da vida. 

Houve um tempo em que não suportávamos gato. Gostávamos dos bichinhos, mas bem longe. E, quanto mais longe, melhor. Explicaremos: devido a uma renite alérgica crônica que carregamos desde criança até os dias de hoje. Mas o tempo, a idade e a maturidade vão chegando e, nós vamos aprendendo a conviver com as diferenças. Não uma convivência de forma que sejamos obrigados a suportar, como algo imposto e truculento, mas porque as nossas atitudes e os nossos pensamentos vão mudando. 

Chegado o dia de Pérola dar cria aos seus filhotes, tudo correu da forma mais natural e sublime. Estava consumado o mistério da vida: quatro lindos filhotes; três gatinhas brancas e um gatinho pardo. 

E o detalhe interessante que causa admiração, é que Pérola conseguiu driblar a ciência dos homens, realizou a sua sina, que era o desejo de ser mãe. A prova disso é o carinho, o amor e a atenção que Ela dá aos seus filhotes, vinte e quatro horas por dia, incessantemente. 

Agindo dessa forma, embora seja um ser irracional, Pérola honra o nome que tem e nos dá uma grande lição de vida: a de que o amor supera todas as barreiras e todos os problemas que possamos encontrar no nosso dia-a-dia. 

PEDREIRAS (MA), 17/03/2012.