POESIA VIVA: O Poeta e o Rio

O Poeta e o Rio

O rio está no poeta

O poeta está no rio,
Um no outro se projeta:
Na força do desafio.

Cantar o dom da palavra
De cada letra presente
Brotando ali que se crava
Entre canção e repente.

“se navegar for preciso”
Não adianta esconder,
Nas águas tem paraíso
Saudade sem se conter.

Vai o rio que já sabe
Para onde sempre vai,
O seu passar que não cabe
E vez por outra se esvai.

O verso banha a tristeza
Que um poeta chorou,
Depois alegra a beleza
No canto que machucou.

E assim o poeta e o rio
Vão navegando serenos,
Vencendo calor e frio
Nessas paragens, acenos.

Quem olha não sabe como
Se vai poder suportar
No mar que agora já tomo
De um dia poder voltar.

Toda água que passa fica
Mesmo na imaginação,
Nos seu banhar classifica
O rio, poeta e canção.

Não canto aqui só a dor
Que todo poeta sente,
Mas entre o rio e o cantor
O amor inunda a gente.

Poeta nunca se some
Nos versos se eterniza
O rio sempre tem nome
Na força que profetisa.

Samuel Barrêto