Para Pedras Verdes, um olho clínico e sensível às raridades


Para Pedras Verdes, um olho clínico e sensível às raridades

nos arredores de onde a vida acontece... 

Raro é o que não se encontra por acaso, é o que não se detém a cada instante, é coisa única de se ver e de se ter, independe de poder ou situação que seja de domínio da vontade humana. 

Porém o conceito de raridade às vezes é um tanto digamos, elitizado, se é raro é valioso e se é valioso logo toda essa validade é atribuída a requisitos materiais. No entanto quantas coisas raras existem ao nosso redor, e em lugares em que as posses particulares não dominam. E cada vez mais penso que enxergar coisas dos tipos, raras, belas, significativas nos arredores dos dias e da vida enquanto corremos atrás de cumprir as pautas dos dias é coisa pra poeta ou pros tipos desocupados. Perdoem-me a colocação anterior os mais sensíveis, mas também é raro falar a verdade sem machucar, na verdade, sempre foi. No entanto quisera fugir do lugar comum pra falar de raridade, mas em se tratando de colocações, o raro é sair de lá hoje em dia e essa é a proposta de certo olho verde ciclope. 

Prosseguido talvez em busca de um roteiro que se faça notar ao ser lido, e em que não se fale em política, politiqueira e politiquenta, muitas vezes o raro no dia a dia, pode ser notado numa fração de segundos, outras pode ser que leve uma grande temporada... A verdade é que em todos os dias podemos descobrir raridades, que de certo podem ser notadas a olho nu, mas não nu de percepção... Visto que o lugar comum é um despretensioso esconderijo de raridades... 

A raridade quando se apresenta no ser humano é característica tão inata, principalmente pela unicidade de cada um e pelas pérolas interiores a serem garimpadas, ou mesmo pelo cascalho a ser removido, pois é assim como em todos os metais e pedras preciosos, e o bom garimpeiro é sabedor: que mesmo em estado bruto alguns elementos naturais ou de natureza humana, oferecem valor. E em se falando de natureza, nela existem preciosidades sem conta e em muitas manifestações de vida, sejam elas agradáveis ao olhar ou não, flores desabrocham em cactos espinhentos, brotos em galhos outrora secos, águas minam de pedras e oásis se formam no deserto... 

Como saber o que há de raro por trás e pelo meio do dia a dia, se não paramos a observar suas entrelinhas... Como saber de um coração apenas pela aparência de quem o carrega... Como saber das intenções antes dos atos... Como saber se a terra em que se está pisando é fértil, se nunca foi plantada... Como saber do perfume raro da flor esquisita a distancia... Como saber o que virá do tubérculo antes que brote... 

E brotou em minha casa certo tubérculo... Há um tempo descobri brotada numa batata rude uma flor chamada popularmente de “bola do mundo”, foi amor à primeira vista às suas formas e cores. E pude classificá-la com muitos requisitos que impõem a raridade... É inesperada, bela e exótica em sua aparência, porém convém ressaltar que esta beleza somente se revela apenas uma vez no ano em sua forma avermelhada e arredondada de mundo. Digo mais uma vez que é bela. Bela de se ver, de se observar. E pude observar a percepção de certo amigo ao fitá-la numa fotografia de minha autoria, e resolvi presenteá-lo com essa espécie, que agora vive num certo quartel general em Pedreiras e espera com paciência o dia em que novamente irá se revelar na florada de cada ano, para mais uma vez a raridade se manifestar na paciência da espera, do belo que se revela brevemente e depois permanece apenas na memória de quem o esperou e fitou, pois entre as coisas mais raras, estão as que migram para o impalpável. 

E agora me reporto novamente aos arredores do dia a dia e perdoem-me mais uma vez os sensíveis, por dizer que desocupadamente buscam parar para observar o imperceptível no lugar comum, esse despretensioso esconderijo de raridades... E mais uma vez também deixar registrado que o raro poderá custar muito, de certo, custa o muito de quem se dá à vida e a sua rara e às vezes breves singularidades... 

Ana Néres Pessoa Lima Góis
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Pedras Verdes, Pedreiras, MA, Brasil.