Por: Joaquim Filho
A grande vantagem que temos de nascermos e vivermos na mesma cidade, é que passamos a conhecer a todas as pessoas, mesmo que algumas delas sejam provindas ou oriundas de outras plagas, mas sabemos quem são os nossos patrícios, e temos o faro de pressentir quem são as pessoas do bem.
Assim acontece com o meu amigo Maurício Luiz de Assis, ex-servidor público municipal, aposentado, morador há 40 anos na rua Messias Filho, nº 268, sua casa é de esquina com a Travessa Cajueiro, no bairro do Engenho; pois, todos os dias quando passo, lá está ele sentado na calçada de sua residência, e quando o sol está escaldante, ele se posiciona na calçada da casa de frente da sua residência.
Hoje, eu parei e resolvi ganhar um pouco do meu tempo conversando com esse cidadão pacato, humilde, reservado e muito comunicativo. Costumo dizer que a sabedoria de um homem está na sua experiência de vida e, quem passa pela Rua Messias Filho e vê Maurício como uma figura humana inexpressível, está redondamente enganado.
Maurício é culto. Sabe muito da história de Pedreiras e tem conhecimento de vida e de mundo. O pouco tempo que estive sentado ao lado dele, na calçada mesmo, eu percebi o quanto esse rapaz tem a nos ensinar.
Filho de São José dos Basílios-MA, segundo ele, chegou a Pedreiras em 1974 para estudar. Não conheceu seus pais. Foi criado pela avó. Com a generosidade do ex-prefeito saudoso Pedro Barroso, Maurício ingressou no serviço municipal. Contraiu paralisia infantil com 8 (oito) meses de idade, mas sempre pensou que a sua deficiência física não foi empecilho para viver normal, pois estudou, trabalhou e realiza coisas no seu dia a dia como qualquer pessoa.
A nossa homenagem hoje vai para esse cidadão pedreirense, que se não nasceu em Pedreiras, Pedreiras nasceu dentro dele e cresce a cada batida do seu bondoso coração.
GENTE HUMILDE
(Chico Buarque)
Tem certos dias em que eu penso em minha gente
E sinto assim todo o meu peito se apertar
Porque parece que acontece de repente
Como um desejo de eu viver sem me notar
Igual a como quando eu passo no subúrbio
Eu muito bem, vindo de trem de algum lugar
E aí me dá como uma inveja dessa gente
Que vai em frente sem nem ter com quem contar
São casas simples com cadeiras na calçada
E na fachada escrito em cima que é um lar
Pela varanda, flores tristes e baldias
Como a alegria que não tem onde encostar
E aí me dá uma tristeza no meu peito
Feito um despeito de eu não ter como lutar
E eu que não creio, peço a Deus por minha gente
É gente humilde, que vontade de chorar.
Fotos Joaquim Filho