COLUNA DIOGO NASCIMENTO: VIVA A DEMOCRACIA!


Eleição encerrada, urnas apuradas, vencedor apresentado e muitos brasileiros festejando a vitória da candidata Dilma e muitos outros tristes (eu estou neste grupo) com a não eleição do meu candidato. Fazer o quê? Não há nada a ser feito. Democracia é democracia. E a nossa, apesar dos muitos problemas inerentes a uma democracia jovem, caminha firme enfrentando todos os tipos de barreiras possíveis no intuito de torná-la mais frágil, como por exemplo, a criação dos Conselhos Populares, que a Câmara dos deputados já fez o grande favor de jogar na lixeira e que o Senado também assim o fará. 

No primeiro turno votei em Marina Silva, não por achar que ela seria a salvadora da pátria, mas por saber que o embate PT e PSDB não faz bem ao Brasil. Se o PT diz em alto e bom som que a disputa entre os dois partidos é dos ricos contra os pobres, o que eles diriam sobre Marina? O discurso não colaria com ela. “Marina vai acabar com o Bolsa Família”, diziam os petistas aos quatro cantos do país. Como pode alguém que passou fome querer acabar com o maior projeto de transferência de renda de todos os tempos? Impossível de acreditar, mas muitos dos nossos, com o medo do novo, preferiram acreditar nas mentiras da tropa petista. 

Marina não foi ao segundo turno, mas foi a responsável por levar a eleição ao segundo turno, de novo, assim como em 2010. Um país continental como o nosso, com tantos problemas a serem discutidos, não pode resumir uma eleição num primeiro turno. Há muito o que se discutir. Marina não perdeu a guerra, apenas perdeu mais uma batalha. Muitos dirão que Marina saiu menor do que entrou nesta campanha. E eu vejo exatamente o contrário. Marina foi coerente, apostou na terceira via, e quando viu que não seria possível continuar discutindo o Brasil, optou por apoiar uma nova mudança. Simplesmente por ser salutar ao Brasil uma alternância de poder. E pasmem, não pediu nenhum ministério em troca do apoio. 

Marina foi a responsável por trazer ao debate brasileiro os conceitos de desenvolvimento sustentável e de nova política. Uma nova política que pode ser feita até com velhos partidos e velhos políticos. Por que o que se quer não é mudar apenas as caras e as aparências, mas o jeito de fazer política. É possível fazer nova política com o PSDB? Sim, é possível fazer nova política inclusive com o PT, que aí está no governo. Para fazer nova política o que precisa mudar são os hábitos e as práticas. E tudo pode ser mudado, basta vontade. 

No segundo turno votei em Aécio. Votei e não votei perdido. As pessoas que hoje votam em um candidato a deputado federal, por exemplo, e amanhã já nem lembram em quem votaram, certamente dirão que votar perdido é votar em quem perde uma eleição. Mas pra você que vota com consciência, seriedade e com a preocupação coletiva em que melhorias possam ocorrer em vários segmentos da sociedade, certamente sabe que votar perdido é votar em quem compra o voto de alguém, em quem é eleito e não cumpre o que promete ou esquecer em quem você votou, aí sim o voto foi perdido. 

Serão 16 anos de governo petista. Alguns já estão de boca cheia dizendo que em 2018 Lula será candidato e que o partido em questão governará por vários e vários anos, assim como o Sarney governou no Maranhão. Pode até ser verdade. Mas eu não acredito. Sabe por quê? Faça uma pequena reflexão: Se você gosta de um determinado cantor, acaba por ouvir a mesma música dele várias vezes, mas uma hora você acaba abusando daquilo. Foi assim no Maranhão. Depois de anos ouvindo a mesma cantiga, o povo abusou e deu a maior surra de votos que alguém já levou numa eleição. Flávio Dino tá aí, eleito no primeiro turno, com uma diferença enorme de votos para o segundo colocado, que certamente não levaria o Maranhão pra frente de jeito nenhum. 

Quanto a eleição do último domingo, some os votos você mesmo. Dilma teve mais de 54 milhões de votos. Aécio teve mais de 51 milhões de votos. E mais de 30 milhões de pessoas deixaram de votar. Além de quase 2 milhões de votos Brancos e mais de 5 milhões de votos nulos. Se você fizer a conta, vai perceber que do total de eleitores aptos a votar, Dilma não teve a metade do eleitorado a favor dela. O que é bem representativo. 

Espero sinceramente que Dilma faça um bom governo, porque se piorar, não é só quem votou em Dilma que vai sofrer. Mas o que podemos aguardar, pela situação que já vem se desenrolando, é que o prognóstico não é bom. Um dos líderes do PMDB, Eunicio Oliveira, candidato ao governo do Ceará, perdeu a eleição para um petista. O presidente da Câmara, Henrique Alves, também do PMDB, perdeu a eleição para o governo do Rio Grande do Norte para um candidato apoiado pelo Lula. O PMDB é partido do Vice-presidente da República e certamente os perdedores “aliados” não deixarão barato. Ou serão nomeados ministros ou serão fiéis membros da oposição. E essa situação já começou. Os conselhos populares, que citei no início, já foram derrotados na Câmara, com apoio do PMDB, e serão também derrotados no Senado, com o apoio do PMDB. E mal a eleição passou, o Banco Central já anunciou, aumentou os juros. Que belo presente pós-eleição! E ainda faltam outros, os próximos, já anunciados anteriormente pelo Ministério da Presidenta Dilma, serão o aumento na conta de energia e o aumento no preço da gasolina. Parabéns!!!! 

Independente de você ter votado Dilma ou Aécio ou Marina, o que importa é que formamos um só povo, e pra frente é que se anda. Respeito mútuo e serenidade para festejar as vitórias e compreender as derrotas. Viva a democracia! 2018 é logo ali. 
 
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Diogo Nascimento
Farmacêutico-Bioquímico
Membro da Academia Lagopedrense de Letras e Artes
Coordenador do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) de Pedreiras/MA
Presidente da Comissão Assessora de Análises Clínicas do Conselho Regional de Farmácia do Maranhão

1 comentários:

  1. Muito sensata a análise de Diogo Nascimento em torno de um tema de extrema importância para todos os brasileiros que têm o mínimo de amor e comprometimento com o país. Também não votei em Dilma (desta vez, pois votei 2 vezes no Lula e 1 em Dilma), por achar que não são adequados à nossa cultura e tradição os rumos que o PT quer traçar e impor à nossa querida Pátria.

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Pedras Verdes, Pedreiras, MA, Brasil.