OS BENEFÍCIOS QUE A REALIZAÇÃO DA COPA DO MUNDO TRAZ PARA O PAIS


*Ricardo Costa Gonçalves 

Devido as últimas manifestações realizadas no país contra a copa do mundo e algumas falsidades que estão sendo publicadas em diversos órgão da mídia e compartilhadas nas redes sociais, me motivou a publicar este texto.

O futebol foi introduzido no país no final do século XIX por ingleses. Rapidamente ganhou popularidade entre os brasileiros, ao ponto de identificarmos, no início da década do século passado, um jeito próprio brasileiro de jogar: leve, moleque, misturado, criativo. Logo após a segunda guerra, com a organização do mundial em 1950 e com os títulos de 1958, 1962 e 1970, o futebol brasileiro superou a ideia de que o Brasil jamais daria certo. A seleção brasileira conseguiu a superioridade absoluta (com os títulos em 1994 e 2002) no esporte coletivo mais assistido, pratica e admirado no mudo.

O estilo próprio do selecionado brasileiro transformou nossa equipe em ponto de referência de um futebol competitivo e de alto nível estético. Só o futebol conseguiu se equiparar a música popular, como manifestação cultural brasileira, atingindo alto padrão de excelência no cenário internacional.

A realização da Copa tem um significado para a história e a cultura brasileira. Além disso, o torneio é um evento de grande porte internacional realizado nas cinco regiões do país, o que traz várias oportunidades, tais como: apresentação do Brasil ao mundo, já que a Copa deve ser assistida por metade da população do mundo; aceleração de investimentos em infraestrutura, como em aeroportos, mobilidade urbana, entre outros.; aumento do turismo doméstico e estrangeiro no país; e amplo retorno financeiro.

No total, o plano de investimento nas cidades-sede da Copa do Mundo do Brasil totaliza R$ 25,6 bilhões . Aproximadamente 69% deste total (17, 6 bilhões) representam investimentos em infraestrutura e política públicas, principalmente em mobilidade urbana, 45 obras (R$ 8,0 bilhões) investido em novas vias urbanas, acessos a aeroporto, corredores de ônibus, estações de metrô, 13 Bus Rapid Transit (BRTs), e 2 Veículos Leves Sobre Trilho (VLTs); aeroportos (R$ 6,3 biilhões) ampliação de 81% na capacidade de recepção de passageiros nas cidades sede; segurança (R$ 1,9 bilhão) investimento em integração de sistema, em inteligência, nos pontos de entrada do pais e em 14 Centros Integrados de Comando e Controle; portos (600 milhões), melhoria nos terminais de Fortaleza, Natal, Manaus, Recife e Salvador, e alinhamento dos cais de Santos; turismo (200 milhões), expansão da infraestrutura e investimento em qualificação e investimento em qualificação através do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico (Pronatec Turismo); telecomunicação (600 milhões) em expansão da rede de fibra ótica estatal e em modernização de procedimentos e fiscalização da Anatel. Nestes casos, a Copa contribuiu diretamente para apressar investimentos associados ao bem-estar da população, assim como, impulsionar a melhoria das políticas públicas. São investimentos, na sua grande maioria, que deveriam ocorrer independente da Copa, porém que foram por elas antecipados ou acelerados.

Os outros 31% (R$ 8,0 bilhões) de gastos com o plano de investimento para a Copa estão sendo alocados à construção e modernização de 12 estádios de futebol nas cidades que sediarão a Copa. Os investimentos em estádios não ocorreriam sem a Copa, ao menos no tamanho e na velocidade com que foram feitos. Mas isso não quer dizer que comprometem os investimentos em educação e saúde ou que não tragam benefícios para além do torneio.

Primeiro, os gastos com os estádios foram pagos com financiamentos do Governo Federal (3,9 bilhões), recursos locais de Estados e Municípios (3,9 bilhões), e recursos privados (0,2 bilhão). No âmbito do Governo federal, portanto, não competem com saúde e educação, já que estas políticas são financiadas com recursos do orçamento oriundos de impostos pagos pelos contribuintes, diferentemente dos empréstimos. Além de não competirem com o orçamento, os empréstimos públicos voltam com juros para o Governo Federal. No caso dos Estados e Municípios que destinaram recursos próprios à construção/modernização de estádios, como Rio de Janeiro ou Brasília, é importante frisar que por determinação legal, fiscalizada pelos Tribunais de Contas, são obrigados a destinar um percentual mínimo das receitas para educação e saúde; a construção de estádios não modifica essa regra. Ademais, estádios como o novo Maracanã e o novo Mineirão, concedidos à iniciativa privada, gerarão receitas públicas ao longo do tempo que devem ressarcir grande parte das despesas com a modernização. Enfim, a reforma de estádios, como a do Beira Rio em Porto Alegre, também foi custeada com recursos privados; Logo, nestes casos, o investimento não compete com despesas públicas em saúde e educação.

Em síntese, os investimentos em estádios, além de não competirem com os gastos federais em saúde e educação, não desobrigam Estados e Municípios de manterem e ampliarem suas despesas com educação e saúde.

A Copa do Mundo no país mais do que se paga com a renda multiplicada e gerada a partir dos investimentos a ela agregado. Levantamento feito pela Fundação de Estudos e Pesquisas Econômicas (FIPE), ligada à Universidade de São Paulo (USP), estimou que a Copa das Confederações em 2013, com a presença de um quarto do número de seleções presente na Copa do Mundo e com apenas 16 jogos, contra 64 da Copa do Mundo, acrescentou R$ 9,7 bilhões ao PIB. A expectativa é que a Copa do Mundo acrescente mais 30 bilhões ao PIB, valor superior ao total de R$ 25,6 bilhões investido nas cidades-sede. Além disso, durante os 30 dias, a previsão é de que tenhamos a circulação de mais de 600 mil turistas estrangeiros pelo país, o dobro da África do Sul em 2010, e mais de 3 milhões de turistas nacionais. Segundo, a Embratur, o valor total movimentado pelo turismo durante a Copa deverá chegar a R$ 25 bilhões.

Além disso, a construção dos novos estádios gerou empregos na construção civil, incentivou o setor nos últimos anos e possivelmente alavanca a chamada indústria do futebol brasileiro. Conforme a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o potencial de movimentação de recursos ligado ao futebol brasileiro chega 60, 0 bilhões por ano com 2,1 milhões de empregos diretos e indiretos. Portanto, os novos estádios são peças chave deste potencial, tendo-se por base o Campeonato Brasileiro, os novos estádios modernizados atraíram público médio 88% maior do que o dos estádios antigos na mesma competição.

Portanto, os fatos acima demonstram que são falsas as manipulações produzidas pela oposição e por setores da sociedade brasileira seja por ignorância ou má fé, de que a Copa trará prejuízo ao país. E mais absurda dessas falsidades é dizer que o governo federal está jogando dinheiro fora com estádios, sem trazer benéficos à população.

Assim, a realização da Copa do Mundo no Brasil é Importante porque o futebol é parte fundamental da cultura brasileira e uma de suas mais elevadas expressões.

[1] Professor, Assessor Especial da Prefeitura de Pedreiras e Mestrando em Estado e Políticas Públicas pela Fundação Perseu Abramo.
[1] Portal da transparência da Copa, www.copa2014.gov.br.
Comentários

0 comentários:

Postar um comentário

Pedras Verdes, Pedreiras, MA, Brasil.