Escola da Memória



A nossa colonização já começou com um imenso atraso, garanto que o trato já tinha sido violado tanto de um lado, como também de outro, e quando ocorreu o fato, os nossos pioneiros oficiais não estavam preocupados quando e como poderia estar esta terra tão fértil, queriam somente saber de levar nossos recursos naturais e manter pela espada, fé e morte , qualquer reação que fosse esboçada pelos nativos ou quem quer que seja que estivesse ali olhando com os olhos gordos diante de tanta fartura. Os jesuítas tiveram um papel importante para levar a “boa nova” aos irmãos que já estavam na terra e por sinal nem precisaram da arca de Noé, e mesmo em nunca tendo provado da maça que Eva deu para Adão, mas já gostavam da fruta e faziam bom uso dela, pois a população por ali não era pequena.

Com o passar do tempo, como os Jesuítas também partido pela defesa dos índios, acabaram sendo expulsos pelo Marques de Pombal, que em chegando em terras brasileiras, mudou muita coisa: dando avanços para uns e deixando outras problemáticas ainda bem mais avacalhadas. Fechando escolas, proibindo a língua dos aborígines e impondo a sua, que hoje é mais nossa do que dele (como bem falou tempos depois o Escritor José Saramago: “que a filha ficou maior e melhor que a mãe”- de fato ele está coberto de razão), e os Lusos colocaram em prática um longo atraso que até hoje nos custa muito caro.

Não estou disposto a ir profundo ao assunto dos nossos colonizadores, sei que este tema me causa algumas coisas que nem gosto de pensar, mas quero agora me reportar a um distante tempo, que passa pela minha existência, como também passa pela existência e sustentáculo de muitos. Relembro com imensa saudade das “escolas particulares”, aquelas que hoje nós chamamos de reforço. Depois do meu enorme lamento pela minha ida inicial naquela casa, quando fui pela primeira vez para o Jardim, não consigo esquecer aquele dia, foi como se o mundo estivesse sendo partindo de mim, era a primeira vez que eu ficava longe da minha mãe, e nem adiantou tantos mimos por parte das professoras, chorei durante todo período que estive ali naquela mais longa manhã da minha vida. 

Quando já estava acostumado com o processo de lidar com as primeiras letras, a minha Mãe achou que estava pouco e resolveu fazer uma segunda matrícula, colocando-me na escola da Dona Maria Perna de Pau, que era para desasnar, e a volta era dura, a mulher não brincava em serviço, tinha a danada de uma régua, que era batizada por Marieta, além de uma palmatória que atendia pelo acunha de Gordinha, e quem não estivesse atento entrava na sola, bolo era o que não faltava. Tanto na Rua Nova, como também na Nova Brasília, estudei com Dona Maria Perna de Pau. Ainda quando morava na Trisidela, ganhei outra matricula, desta vez foi com a Mundinha, que tinha sua escola-caseira na Nova Rua, e apesar do nome no diminutivo que coloca um certo ar carinhoso, a Mundinha era osso duro de roer, e não colocava pano morno em ninguém, e por muitas vezes ali senti minhas mãos arderem na quentura de fortes bolos. Tem até uma história engraçada com o meu velho primo Raimundo Laurindo, que depois passar quase três anos na Cartilha de ABC, e nada aprendendo, certa vez fora colocada para ele uma prova de fogo por Francisco, outro primo nosso, sendo os dois criados por meus avós maternos. Francisco já era alfabetizado e então seria ele que faria a vez do professor para saber se Raimundo tinha ou não aprendido alguma coisa: O professor colocou o dedo em cima da letra A e perguntou: Raimundo que letra é esta A aqui, e sem piscar o aluno respondeu: - esse A parece um B! Foi a gota d’água, ficando provado para os meus queridos avós que Raimundo não queria nada com os estudos.

Em 1979 quando meu Pai resolveu mudar da Trizidela para o centro de Pedreiras, a gente veio morar na Rua Cantanhêde, e pensando eu que tinha me livrado da Escola Particular, dei de cara com Escola de Dona Rosinha na Rua Oscar Galvão, e mais uma vez Dona Ceci presenteou-me com duas matriculas, porém com Dona Rosinha tive o prazer de aprender muita coisa. Quando já estava no antigo ginásio, foi cogitada a minha ida para a escola do temível Conceição, mas ficou só nos planos, graças a Deus! Depois de muito tempo li um poema do Jessier Quirino que diz: “uma enxada na mão é melhor que mão inchada”- provando que aquele modelo de educação mandou muita gente para outros destinos. 

Samuel Barrêto
Radialista, Poeta e Compositor
Da Academia Pedreirense de Letras

2 comentários:

  1. Coisa mais besta, escrita por essa égua

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  2. Escola da colonização já começou com um imenso atraso...
    Não entendi, caro poeta. A colonização não era nem para ter acontecido, imagine com atraso ou sem atraso.

    Professor R. Rios.

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Pedras Verdes, Pedreiras, MA, Brasil.